Nota
“Você é a Kamala Khan. Você quer salvar o mundo? Então vai salvar o mundo.”
Kamala Khan é uma adolescente americana de origem paquistanesa que é uma grande fã dos Vingadores, especialmente da Capitã Marvel, e que deseja mais do que tudo ir à VingaCon e participar do concurso de cosplay da Capitã Marvel, apesar de seus pais serem contra. No dia do evento, ela decide fugir com seu amigo Bruno e participar escondida, usando uma pulseira antiga de sua avó como sua expressão pessoal (um dos requisitos do concurso) e acabando por ativar poderes adormecidos que ela herdou de sua bisavó, cuja história sempre foi a vergonha da família. Agora, com poderes de aproveitar a energia cósmica e projetar objetos sólidos feitos de luz que saem de seu corpo, Kamala precisa fugir do Departamento de Controle de Danos e encarar uma ameaça interdimensional que põe em risco a humanidade.
Em meados de 2013, a Marvel Comics nos apresentou a primeira personagem muçulmana da Marvel a estrear seu próprio gibi (em 2014), os anos se passaram e chegou o momento de Kamala ganhar seu espaço no Universo Cinematográfico Marvel. Mudando as origens que Sana Amanat e Stephen Wacker deram a personagem, a produção original do Disney+ transforma os poderes de esticar e aumentar qualquer parte de seu corpo e sua metamorfose limitada à habilidade de lançar rajadas e construir figuras de energia cósmica, energia esse que até simula as formas como a Kamala dos quadrinhos metamorfoseia seu corpo, o que acabou deixando uma controvérsia entre os fãs, que se dividiram entre os que aceitaram a contragosto e os que se negaram completamente a aceitar as mudanças. Apostando pesado nas referências à cultura pop, e à Marvel em si, a série nos presentei com alguns diálogos que nos cativa, principalmente considerando que assume os clichês das séries teens e abraça a temática nerd através da forma como Kamala se prova fã dos Vingadores e explora um outro lado do MCU. Talvez um dos maiores acertos da série tenha sido a escalação de Iman Vellani para o papel título, conforme foi mostrado em alguns vídeos promocionais do show, a atriz é uma grande fã do trabalho da Marvel, assim como sua personagem, o que só tornou mais fluida e crível sua interpretação.
O Bruno Carrelli de Matt Lintz surge como maior apoio de Kamala em meio ao caos de descobrir seus poderes, é ele quem se torna seu confidente, quem a ajuda a se formar como heroína e quem (como um claro clichê de séries teens) é secretamente apaixonado pela garota, o personagem pode viver o tempo todo à sombra de Kamala, mas ainda assim consegue evoluir e construir uma personalidade que nos cativa, fazendo valer sua presença no show e se destacando de forma discreta. Nakia Bahadir (Yasmeen Fletcher) e Zoe Zimmer (Laurel Marsden) prometiam ser personagens com grande papel no desenrolar do enredo, mas acabam ficando de lado em maior parte da produção, tendo seus arcos e suas evoluções, mas sem muito tempo de tela para engrandecer sua presença na série. Por outro lado, o Kamran de Rish Shah mostra um grande potencial, apesar de não ter uma grande evolução no decorrer da trama, o personagem abre uma brecha para possuir uma grande importância futuramente nas produções da Marvel, podendo ressurgir numa futura trama envolvendo Kamala ou até ser aproveitado ao lado de outros personagens. O antagonismo do show é o grande problema, claramente dividido em duas partes, o show não sabe desenvolver bem seus vilões, os fazendo ficar sem sal e sem força.
Cheia de sensibilidade e bom humor, Ms. Marvel é uma série sobre identidade, sobre cultura e sobre aceitação, ela explora a fundo as origens de Kamala e usa isso como maior base para todos os seus dilemas, infelizmente o show caiu na armadilha que já se tornou marca registrada das produções do Marvel Studios e perdeu seu ritmo. Fica claro desde seu inicio que a série largou com grande vantagem pela forma como sua protagonista é extremamente cativante e sua estética é bastante chamativa, mas não é só de carisma e estética que se vive uma série, falta um antagonista único e bem desenvolvido que realmente se interligue com a jornada de Kamala, algo que só causa o efeito de finalização precoce quando o primeiro arco se finaliza em “Time and Again” (episódio 5) e apresenta um segundo arco que, de forma acelerada, precisa ser desenvolvido e finalizado em “No Normal”, seu sexto episódio e season finale. Apesar de toda a confusão, a introdução dos Adagas Vermelhas e a Kamala em si se tornam a verdadeira razão para manter o público preso à série, que acaba deixando a impressão de não estar a altura de sua personagem titulo.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.