Nota
“Pode levar um tempo mas… Peter Pan nunca falha.”
Emma, Mary Margaret, David, Regina, Gold e Gancho entram em uma perigosa jornada até a Terra do Nunca para tentar salvar Henry, que foi sequestrado para fazer parte dos planos obscuros de Peter Pan, mas para derrotar Pan o grupo vai precisar aprender a trabalhar juntos e deixar para trás as diversas diferenças e o problemas do passado, o que os levará a precisar resolver pendências com Ariel, Sininho e vários outros personagens, ao mesmo tempo que Neal está preso na Floresta Encantada tentando se reunir com sua familia e contando com a ajuda de Mulan e Robin Hood. Como se não bastasse a longa jornada para salvar Henry, um problema do passado de Regina ressurge: Zelena, a Bruxá Má do Oeste, pronta para enfrentar a Rainha Má e todos que estiverem ao lado dela.
Depois de ser muito bem recebida em suas duas primeiras temporadas, Once Upon a Time se consolidou como uma das maiores audiências da ABC, o que lhe garantiu a renovação para mais um ano, explorando novas regiões e muito mais personagens. As portas que levam os personagens para a Terra do Nunca acabam nos conectando com uma versão completamente inesperada de Peter Pan, uma versão mais sombria, inescrupulosa e duvidosa, um ser capaz de sequestrar crianças para alcançar seu objetivo e com tramas complicadas enterradas em seu passado, mas também conecta os personagens à história de Ariel e seu amor por Eric, os eventos que fizeram Verde se afastar das fadas e se transformar em Sininho, o passado de Killian Jones e sua transformação em Gancho, e toda a nova jornada de auto descoberta de Emma. Ao mesmo tempo o recast de Robin Hood, mesmo que fique estranho a primeira vista, abre portas para a construção de uma trama ainda mais envolvente, principalmente pela conexão que o ladrão possui com Regina.
Com uma trama dividida em duas partes, a terceira temporada da série criou um enredo densamente dividido em duas partes, com direito a dois antagonistas e duas jornadas bem claras. A primeira parte da temporada, focada no embate contra Pan e na busca por resgatar Henry, se desenrola pelos onze episódios da Parte A, que foi exibido a partir de 29 de Setembro de 2013, e, após um hiatus, temos a chegada da Parte B em 9 de Março de 2014, com uma trama focada na luta contra a Bruxá Má do Oeste e a busca por entender seus objetivos e segredos. Assim como no segundo ano, temos um foco maior em Robert Carlyle e Lana Parrilla, dessa vez de uma forma mais definitiva já que os embates são mais focados na dupla, enquanto a Parte A nos leva pelo passado de Rumple e vai evoluindo seus personagens, o que acaba levando Rumple e Regina para um novo patamar evolutivo, a Parte B começa a explorar um passado que nem Regina conhecia, a levando por um caminho de redescoberta, de superação e de mudança interna, o que reflete diretamente numa reconstrução completa da persona da Rainha Má. Se o segundo ano focou em nos levar a conhecer como Rumple e Regina viraram vilões, esse terceiro ano avança num processo poderoso de redenção para eles, e mostra mais fortemente que não existe Bem e Mal, que a linha sempre é e sempre será muito tênue, e que todos podem ter momentos da vida que podem mudar de lado.
O elenco se fortalece com a incomoda presença de Robbie Kay, capaz de construir um Pan de carater extremamente duvidoso, cheio de malicia nos gestos e nas falas, um verdadeio vilão capaz de cativar nossa curiosidade e rancor ao mesmo tempo. Pan tem um trama interessante, que não renega toda a história que conhecemos dos contos de fadas e filmes da Disney, mas que nos incentivar a olhar por outro angulo essa figura ‘bondosa’, mostrando que talvez seus gestos não sejam tão bondosos assim, que esse jovem aventureiro pode ser um verdadeiro lobo sobre pele de cordeiro. A chegada de Sean Maguire para substituir Tom Ellis no papel de Robin Hood dá um refresco à trama, trazendo uma versão mais sevalgem do ladrão e até um ar mais galanteador do que o ator de Lucifer parecia exibir. Rebecca Mader, outra atriz resgatada do elenco de Lost, chega de forma poderosa na série encorporando Zelena, um papel que os roteiristas escreveram especificamente para ela, e pelo qual ela fez jus ao entregar uma performance magistral, colocando toda a força do seu sotaque britânico para criar uma Wicked Witch de respeito, mas ainda assim sabendo empregar as camadas que Zelena possui, com seu passado sombrio, seus traumas e sofrimentos, mas ao mesmo tempo sendo má o suficiente para se tornar uma rival à altura para a Regina de Lana.
Com uma trama agridoce, o terceiro ano de Once Upon a Time começa com o pé esquerdo mas se levanta magistralmente melhorando a qualidade do show. Se a trama da Terra do Nunca se torna arrastada e inicialmente massiva, sua conclusão e os eventos da Parte B mostram do que a série realmente é feita, voltando às origens e entregando toda uma trama muito melhor construida, mudando completamente o protagonismo para as mãos de Regina, o que faz com que o show se torna cada vez melhor. Se a qualidade da série pode ser facilmente demarcada como o antes da Terra do Nunca e o depois, a reconstrução de Regina surge como a grande salvação para o enredo do show, com direito até a um aceno para a volta da Rainha Má no season finale. A ideia de dividir cada temporada em duas tramas bem demarcadas dá uma revitalizada no show, aumentando a longevidade ao trazer plots mais ageis ao inves de forçar um enredo a durar vinte e poucos episódios, mesmo que seja claro que cada personagem possui uma trama principal sendo construida e que transpassa as duas tramas guias. A medida que os plots de Branca e Emma vão perdendo a graça, o show consegue perceber e vai abrindo espaço para tramas muito mais interessantes, trazendo o foco para Gancho, Rumple e Regina, num enredo que prova que não existe mal absoluto, mas que a redenção nem sempre é um caminho facil a ser trilhado.
“The Queen may be Evil, but i’m Wicked… And Wicked always wins.”
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.