Review | One Piece [S2: Alabasta]

Nota
4.5

“Quando vocês acham que as pessoas morrem? Quando elas levam um tiro de pistola bem no coração? Não! Quando são vencidas por uma doença incurável? Não! Quando bebem uma sopa de cogumelo venenoso? Não! Elas morrem… quando são esquecidas!”

Após atravessarem a Reverse Mountain e enfrentarem a tristeza da baleia Laboon, os piratas do Chapéu de Palha finalmente entram na Grand Line. Em meio a suas novas aventuras, a equipe encontra a misteriosa Nefertari Vivi, uma princesa com uma história trágica que precisou se infiltrar na perigosa organização Baroque Works para impedir um golpe a seu reino, Alabasta.

Decididos a ajudar sua nova companheira, Luffy e sua tripulação traçam seu destino à ilha comprometida, mas, para chegar ao reino, eles precisam se adaptar aos confusos mares da Grand Line e aprender a navegá-los sem maiores problemas. Enquanto tentam escapar das constantes tentativas de assassinato da organização, a tripulação encontra novos e antigos amigos, o que engrandece sua jornada e torna ainda mais poderoso o laço que os une. Mas, isso seria suficiente para exterminar os planos do terrível Crocodile e libertar de vez o povo de seus temores?

Após escrever uma excelente introdução a seu universo, Eiichiro Oda decide subverter as expectativas daquilo que foi mostrado ate então, preparando uma nova dinâmica que daria o próximo passo para aquilo que seria conhecido como o primeiro grande arco da jornada da tripulação dos Chapéus de Palha. Mas, como desenvolver uma narrativa decente que nos introduza ao novo ambiente enquanto constrói uma ameaça em potencial que nos prenda a cada segundo da nova saga?

A Saga Alabasta traz um modelo exemplar que ficaria conhecido nos próximos arcos de One Piece, construindo um crescimento empolgante que perpetua durante toda a narrativa. Para tal feito, Oda utiliza uma série de mini-arcos que, não só apresentam a vastidão e loucura presentes na Grand Line, como constrói a ameaça necessária para o ápice natural de um grande embate político em um país condenado pela ganância humana.

A ameaça de seu vilão crava suas garras em nossa mente, nos deixando verdadeiramente amedrontados com a urgência dos acontecimentos, trazendo uma necessidade quase claustrofóbica em prosseguir pelos capítulos da narrativa. O grande problema em tal escolha é suprir as expectativas criadas ao longo dos episódios, principalmente quando o emblemático embate parece ter uma áurea espetacular que promete ser tão ensurdecedora quanto sua construção.

O anime então consegue trazer uma trama mais madura e dramática, repleta de nuances que aprimoram ainda mais a urgência dos atos aqui mostrados. Embora ainda possua uma boa dose de humor, os caminhos aqui trilhados parecem mais centrados em sua própria narrativa, escolhendo, por mais curioso que seja, tirar o foco de seus protagonistas.

Luffy se torna um coadjuvante de sua própria história, tendo pouco ou nenhum crescimento ao longo da jornada, mas, por incrível que pareça, isso torna a saga ainda mais grandiosa diante dos nossos olhos. Com o protagonista em stand by, o roteiro tem a oportunidade de desenvolver novos dilemas, principalmente com quem realmente precisa estar em foco nesse momento.

Nefertari Vivi é o melhor exemplo. A Princesa desaparecida de Alabasta nos é apresentada como uma componente da Baroque Works, com traços mais sensuais e perversos que condizem com sua personalidade. Mas tudo se transforma quando conhecemos seus verdadeiros objetivos e o sacrifício que vem fazendo em nome do seu povo. Vivi então ganha um traço mais delicado, ainda condizente com sua força e determinação, mas demostrando todo o poder que ganhou com as múltiplas aventuras que encontra em seu caminho. Aos poucos vamos nos afeiçoando à personagem, a encarando como uma valorosa companheira que precisa urgentemente da ajuda do curioso grupo.

Tony Tony Chopper faz uma excelente estreia, trazendo uma história marcante que nos cativa desde o primeiro minuto. A rena usuária da Hito Hito no Mi (a Fruta do Humano) sempre foi considerado uma aberração, o que torna seus relacionamentos restritivos e extremamente tímidos. Com um excelente conhecimento sobre medicina, o pequeno ser se torna um membro indispensável do grupo, trazendo uma nova leveza ao ambiente além de ótimos momentos de alívio cômico.

Nami e Usopp são os únicos membros que ganham algum grau de desenvolvimento durante a saga. A primeira, cansada de ser protegida pelos outros, começa a tomar a rédea da situação, solicitando um novo modo que a faça ter alguma utilidade nos momentos em que precise batalhar. Já Usopp começa a demonstrar um leve aprofundamento em sua personalidade, trazendo um início de desenvolvimento que será melhor explorado nos próximos arcos.

“Ai Chopper, chega um momento na vida de um homem em que ele não deve fugir de uma batalha, e esse momento… É quando zombam dos sonhos de seus amigos! Não tem como o Luffy morrer num lugar como esse, ELE É O HOMEM QUE VAI SE TORNAR O REI DOS PIRATAS!”

Do lado vilanesco não existe muito a ser falado. Com o desenvolvimento absurdo na construção da ameaça de seu grande antagonista, a trama deixa de escanteio seus subordinados. Tirando o divertido Mr 2. Bon Clay, nenhum dos capangas recebe qualquer tipo de desenvolvimento, servindo apenas como embates para as lutas dos protagonistas.

Mas, se a trama peca nos níveis mais baixos, não podemos falar o mesmo do grande vilão. Crocodile é imponente e amedrontador desde o primeiro momento em que é citado. O Shichibukai é visto como um herói pela população do país, sendo tratado como um salvador nas horas sombrias enquanto desperta o ódio dos mesmos pelo rei que os governa, e é exatamente por aproveitar sua fama entre o povo que o pirata consegue manipular tão bem todos ao seu redor. Ele esquematiza um plano quase perfeito, se infiltrando tanto na revolução quanto no exército real e criando um clima de tensão a cada novo passo, o que faz com que os protagonistas precisem se desdobrar para lidar com suas armadilhas. Cada passo de Crocodile é friamente calculado, trazendo uma nova dinâmica para o grupo. Afinal, é preciso pensar além da força bruta para vencer alguém tão inteligente e sagaz quanto o crocodilo da areia.

A capacidade que Oda tem em costurar sua estória começa a ficar ainda mais evidente aqui, balanceando sua dosagem de humor com um drama severo que nos deixa angustiados a cada nova reviravolta. O mangaka nos introduz conceitos interessantes que serão melhor explorados no futuro, como é o caso do misterioso Rio Poneglyph e o Século Perdido, que nos apresenta uma das melhores personagens da trama: Nico Robin.

Aparecendo como uma das grandes vilãs do arco, Robin fala mais do que age, mostrando um sorriso doce que pode congelar nossas espinhas. Sua construção é magnífica e nos deixa hipnotizado por sua presença, repleta de atos duvidosos que nos deixam encantados e receosos. Não criamos antipatia por sua persona, o que se mostra crucial para o desenvolvimento de seu arco na narrativa.

A Saga ainda nos apresenta Portgas D. Ace, o Segundo Capitão da Frota do Barba Branca e, não por um acaso, o irmão mais velho de Luffy. Ace aparece em meio a sua própria jornada, buscando um antigo aliado que resolveu trair seu capitão e agora é procurado por todo bando: O infame Barba Negra. Cada elemento de sua narrativa é sutilmente introduzido, nos deixando curiosos enquanto demostra os poderes dos adversários que estão por aparecer.

Subvertendo tudo aquilo que achávamos conhecer sobre o universo apresentando novas dinâmicas a seus inexplorados oceanos, A Saga Alabasta preparava o terreno para as novas crescentes que se perpetuariam pelo anime, trazendo com maestria uma crescente empolgante que nos prende do início ao fim. Embora possua, sim, problemas em sua extensão, a saga deixa um gosto agradável que nos instiga a continuar, despertando ainda mais nossa curiosidade sobre o que vai aparecer a seguir.

“… se um dia a gente se encontrar, será que podem me chamar de companheira mais uma vez?”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *