Review | Ragnarok [Season 2]

Nota
4

“Outros deuses virão para lutar ao seu lado. Você deve ser paciente.
Vai acontecer conforme está escrito.”

Agora que os poderes de Magne despertaram completamente, a guerra em Edda contra Vidar e os Jotul está cada vez mais próxima, o que faz com que o garoto e os gigantes precisem reunir suas forças e se fortalecer. Enquanto, de um lado, os Jotul precisam lidar com toda a pressão social, jornalística e policial ao mesmo tempo que se reestruturam internamente para a grande batalha, do outro lado temos Magne numa enorme busca pelos seus aliados, os outros deuses, e por encontrar sua arma ideal, o Mjolnir. O cerco começa a se fechar ainda mais, principalmente agora que Wenche foi assassinada, que Fjor cortou os laços com sua família, que Laurits descobriu ser o filho bastardo de Vidar e que Wotan finalmente despertou como Odin para guiar os deuses.

Depois de uma primeira temporada morna e cheia de potencial, a série de Adam Price, lançada em 2020 pela Netflix, chega ao seu segundo ano em 27 de maio de 2021, com muito mais história para contar e deixando mais de lado todo aquela padronização americanizada que enfraqueceu tanto o ano anterior. Seguindo com sua missão de contextualizar o famoso mito nórdico do fim do mundo, a série segue com a trama de colocar os deuses como se tivessem reencarnado na terra e precisassem despertar para a grande batalha e, em sua nova leva de seis episódios, vai nos mostrando o despertar de um deus por episódio. Com a morte de Wenche e o fantasma de Isolde projetando o enredo adiante, o novo ano se aprofunda ainda mais nos dilemas de Laurits e nas camadas da nova aliada, Iman, que descobre ser a portadora dos poderes de Freya e decide lutar lado a lado com Magne numa guerra que ainda não entende.

Indo mais fundo no dualismo que se tornou o ponto alto da temporada anterior, a série mantém o roteiro completamente apoiado no equilíbrio entre o teor inóspito e rebelde das lendas nórdicas, aqui personalizada pela guerra entre os gigantes e os deuses, e a trama mais palpável e moralista do capitalismo predativo, que é aqui materializado pela batalha entre as poluentes Industrias Jotul e os determinados jovens habitantes de Edda. Se o roteiro se fortaleceu nesse novo ano, quem o potencializa ainda mais é a fotografia do longa e sua trilha sonora, apostando ainda mais pesado nas estonteantes paisagens da Hordolândia para cativar os espectadores, que não podem negar se apaixonar por cada tomada aérea que a produção usa como transição de cenas, já a trilha nos envolve completamente com seu aspecto lúdico, que nos imerge mais fundo na trama surreal do show e nos ancora firmemente ao desenrolar literal, nos mantendo no limiar entre os dois mundo e permitindo que o enredo, sem muito esforço, possa construir sua própria mitologia em volta dos mitos antigos.

Com seis episódios de cerca de 50 minutos, Ragnarok dá um salto gigantesco no quesito qualidade, ela se redime pelo seu inicio medíocre e rapidamente abraça toda a fantasia que lhe convém, o que melhora muito mais a trama. O personagem de David Stakston não é forte quanto deveria, e a ciência desse fato ajuda no novo ano quando o ator deixa de comandar o show e passa apenas a conduzir o plot, que nos apresenta os novos deuses e moderniza, de forma cada vez mais inesperada, as lendas nórdicas, dando novos focos na evolução, mais conflitos para seus outros personagens e uma atmosfera mais interessante e descentralizada, uma nova atitude que só fortalece o Laurits de Jonas Strand Gravli e a Saxa de Theresa Frostad Eggesbø, personagens que tiveram a chance de ser explorados mais profundamente, com uma evolução envolvente e camadas mais fortes sendo exploradas, ganhando os holofotes e dando ao show mais espaço para explorar o dilemas pessoais tão necessários por meio de seus personagens. Se a primeira temporada de Ragnarok decepcionou, a segunda mostra que a produção é capaz de enxergar seus erros e melhorar sua condução, deixando uma base ainda melhor para uma terceira temporada cheia de potencial.

“Achou mesmo que tinha acabado?
É apenas o início. Mataremos você antes da nova lua.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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