Review | Riverdale [Season 3]

Nota
4.5

“Ben e eu pensamos que era apenas um jogo, um jogo de RPG estúpido, mas não é. É muito mais. Ele é real.”

Após o trágico confronto contra o Gorro Negro, a cidade de Riverdale pode enfim dormir tranquila… ao menos era o que se esperava até Archie Andrews (K.J. Apa) ser acusado injustamente de um crime que não cometeu. Possuindo apenas três dias para a decisão final do juiz, o rapaz decide aproveitar o máximo o final do verão enquanto reflete sobre todas suas escolhas.

Determinado a não deixar ninguém pagar pelo seu erro, Archie se confessa culpado e é levado da corte para uma prisão estudantil onde conhece o verdadeiro inferno. Enquanto isso, Veronica (Camila Mendes) tenta manter o legado do seu namorado vivo, enfrentando seu pai e controlando o caos que a escola (e a cidade) estão vivendo. Betty (Lili Reinhart) faz uma investigação própria para salvar o amigo, mas encontra sérios problemas familiares envolvendo uma seita sinistra, denominada A Fazenda, que procura destruir o pouco de sanidade que resta ao seu lar e trazer a garota ao limite, ao mesmo tempo que Jughead (Cole Sprouse) encontra um novo inimigo ainda mais macabro que o Gorro Negro.

Um jogo de RPG se espalhou como vírus entre os jovens da cidade. Um jogo mortal, denominado Grifos e Gárgulas, que leva seus jogadores ao extremo e o conduzem a sacrifícios e assassinatos. Mas, o mais sinistro disso tudo, é a misteriosa criatura por trás do tabuleiro. O Rei Gárgula, que parece controlar a todos que entram em seu caminho e se ligar diretamente à história do quarteto, ameaçando qualquer resquício de paz e tranquilidade que um dia eles sonharam em ter.

Confesso que depois de uma segunda temporada enfadonha e confusa perdi o gosto pela história do outro lado do rio mas, surpreendente, os garotos (e garotas) de Riverdale High conseguiram me reconquistar com sua fantasia macabra e bastante cativante em sua nova temporada. Talvez por se encontrar em uma linguagem mais próxima, ou por aproveitar bem o sentimento de um jogo de tabuleiro, o terceiro ano da trama se mostrou vivaz e repleto de reviravoltas.

A terceira temporada começa poucos meses depois do final da segunda, com as cicatrizes profundas deixadas pelo Gorro Negro e as consequências impensadas pelas escolhas de seu protagonista. Archie, mais do que nunca, entende o quão inocente e burro tem sido nos últimos tempos, e como seu senso de “herói” tem prejudicado não só a si como a todos a seu redor. Isso impede que ele faça besteira? Claro que não. O protagonista continua fazendo escolhas erradas e confiando na sua força física para se livrar das situações.

Beth e Jugh usam sua inteligência para descobrir as verdades veladas da cidade. Embora ambos entrem em uma obsessão desenfreada que os consomem ao longo da temporada, somadas aos problemas pessoais de cada um. Beth precisa lidar com a lavagem cerebral que todos a sua volta parecem ter sofrido por conta da Fazenda, a ponto de desistirem de tudo que um dia já lhe foi precioso. Jugh encara mais uma vez o desafio de ser o Rei Serpente e como suas escolhas podem destruir o seu legado ate aqui.

Veronica entra em batalha constante com seu pai. Dona do seu próprio negócio e extremamente ressentida com os atos de Hiram Lodge (Mark Consuelos) a garota tenta destroçar os esquemas do pai e sobreviver nesse novo mercado enquanto se vê atacada por todos os lados em seu momento mais frágil. Veronica precisa encontrar uma nova força de vontade e entender o que realmente a família significa em sua vida conturbada. Cheryl (Madeleine Petsch) parece ter encontrado seu lugar no mundo, a dama de vermelho é agora uma Serpente e vive seu amor com Toni (Vanessa Morgan), ate se mostrando mais empática com os demais, mas sua sede de controle pode colocar tudo o que conquistou em ruínas.

A season tem três arcos distintos, que vão se entrelaçando em um jogo preciso e envolvente. Acompanhamos o crescimento assustador da Fazenda, seus estranhos devotos e seus desejos macabros, assim como as crescentes falcatruas de Hiram ao tentar tomar a cidade para si mas, é em Grifos e Gárgulas que encontramos nosso verdadeiro terror.

Todos os episódios parecem campanhas orquestrada sabiamente por um mestre do jogo. Todos os personagens ganham vestimentas para sua representação no tabuleiro e todo o poder da cidade parece estar na mão de alguém que sabe devidamente como rolar os dados. Flertando com o sobrenatural em vários momentos, a temporada nos entrega um roteiro macabro que nos deixa apreensivos e, algumas vezes, enojados. Seja pelo seu sinistro Rei Gárgula, que parece algo saído de Sabrina, ou por sua visão distorcida de pessoas que deveriam permanecer mortas. Os criadores nos entregam uma imersão perturbadora aos confins de Eldevair.

Mas, como nem tudo são flores, a season apresenta alguns problemas. Seja pelo prolongamento de determinadas situações ou a resolução frustrante de outras, alguns aspectos nos tiram completamente da jornada. Como por exemplo, uma quarentena que poderia ser facilmente explorada ao extremo mas se resolve no episodio seguinte tem consequências tão serias.

A temporada também apresenta um ótimo episódio musical, baseado em Heathers (ou Atração Mortal, como ficou conhecido aqui no Brasil), que engrandece a trama e nos traz ótimos momentos. Seja pelos vocais bem trabalhados, ou suas musicas bem encaixadas, tudo no episodio flui e nos deixa apreensivos… ainda mais depois da sinistra finalização do ultimo musical da série.

Entre seitas e jogos de tabuleiros, Riverdale nos entrega uma terceira temporada cativante e assustadora, trazendo novas camadas a trama e brincando com uma vertente mais sinistra que nos deixa de orelhas em pé para sua vizinha próxima, do outro lado do rio. Com um arco bem construído, que amarra as duas temporadas anteriores, e um gancho assustador para o que esta por vir, a série ganha um novo vigor e joga sua sorte, nos deixando a par que dessa vez é tudo ou nada.

“Meu Rei. Meu Salvador. Pela noite me guiar. Com tua sombra me abençoar, tuas asas me elevar.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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