Review | Riverdale [Season 5]

Nota
3

“Desde o inicio, esta é a história de uma cidade. E das pessoas que moravam nela. E do lado sombrio de algumas dessas pessoas.”

Sete anos se passaram desde a formatura de Archie Andrews, Betty Cooper, Veronica Lodge e Jughead Jones na Riverdale High School, cada um dos quatro seguiu seu caminho, construiu uma carreira e uma vida, mas a festa de aposentadoria de Pop Tate faz o quarteto voltar à cidade natal, onde encontram um pesadelo na forma de Riverdale, uma cidade esquecida, destruída, criminalizada e praticamente dizimada. A volta a Riverdale desperta no quarteto, principalmente em Archie, uma sede por justiça, uma ânsia por salvar a cidade dos novos ataques de Hiram Lodge, pouco a pouco fazendo Riverdale ressurgir das cinzas, literalmente, dos inúmeros incêndios, livrando a cidade dos perigosos Canibais, solucionando os misteriosos desaparecimentos das jovens mulheres na Estrada Solitária e investigando os corpos que surgem no Pântano Swedlow.

Depois de sofrer os impactos da pandemia, Riverdale finalmente volta para sua quinta temporada. Começando seu novo ano com três episódios que finalizam a trama da temporada anterior, que teve que ser interrompida por conta do COVID-19, o show se torna uma confusão corrida de aglutinação de roteiro, uma tentativa de finalizar o arco pendente com o mínimo de episódios mas que acaba se tornando um desenrolar oportuno e carente demais, o que pode desanimar os telespectadores inicialmente. Mas a chegada de “Chapter Eighty: Purgatorio”, quarto episódio da temporada, começa a nos reconectar com a Riverdale que todos conhecem, somos apresentados a uma introdução rápida do que aconteceu com o quarteto durante esses sete anos ao mesmo tempo que vemos Archie, guiado por Toni, descobrir tudo que aconteceu a Riverdale durante os sete anos que ele passou afastado, o que fortalece ainda mais o espirito de herói do homem e, por coincidência, harmoniza completamente com seu espirito perdido, dando a Archie a chance de reestruturar a cidade junto com sua identidade.

Archie (KJ Apa) acaba indo para o exercito, se tornando sargento e sobrevivendo à guerra, agora, sete anos depois, ele é designado para voltar a Riverdale e reativar o programa de alistamento de oficiais da reserva, e é nessa volta que ele encontra a cidade do crime criada por Hiram. Betty (Lili Reinhart) está em Quântico, onde se tornou uma agente do FBI, mas ela está escanteada desde que acabou sendo capturada pelo Assassino da Sacola de Lixo, uma experiencia que a traumatizou e a tirou de campo, mas voltar a Riverdale pode ser a chance de encontrar novos mistérios e reavivar o espirito que investigação que foi sufocado. Verônica (Camila Mendes) agora é uma poderosa de Upper East Side, casada há um ano com Chadwick Gekko, a moça teve que sair de Wall Street, por conta das atitudes de macho alfa do marido, e está trabalhando numa joalheria um pouco suspeita enquanto finge trabalhar na Lacy’s com Katy Keene, mas a volta de Riverdale faz seu sangue Lodge falar mais alto e ela decide reconstruir sua vida enquanto ajuda a reerguer a cidade. Jughead (Cole Sprouse) se mudou para Nova York e alcançou fama como escritor depois de lançar Vidas Sem Prumo, onde fala sobre o romance entre a rainha do baile e um garota da gangue dos Cobras, mas, agora que está preso em um bloqueio criativo, encontra na volta a Riverdale uma chance para encontrar novas inspirações para um novo livro.

A volta a Riverdale rapidamente vira uma visita ao passado, com seus 19 episódios, de cerca de 40 minutos, a trama preenche seu enredo com reencontros de vários personagens deixados para trás (como Moose Mason, Jason Blossom e Darla Dickinson), que ressurgem vagamente em harmonia com o roteiro ou interagem diretamente com a trama da produção. O fim de Choni é um dos grandes primeiro impactos da temporada, o que se fortalece ainda quando nos é mostrado que Toni está grávida (absorvendo para o universo ficcional a gravidez da atriz Vanessa Morgan) e que Cheryl parece ter sido absorvida pelas neuroses dos Blossom (numa bela referencia a lenda da maldição do Winchester), mesmo que agora as mulheres tenham uma carreira e uma vida poderosa. A fotografia do show segue envolvente, deixando a atmosfera de mistério e sujeira da cidade ainda mais evidente, algo que contrasta, para satisfação de muitos, com a trilha agradável do show, mesmo que tenha episódios que elas surjam em excesso. Nesse novo ano temos cenas musicais gostosas como as de ShallowStupid Love (ambas de Lady Gaga), a de Physical (Dua Lipa) e a de It’s All Coming Back to Me Now (Céline Dion), mas nem tudo são flores, principalmente com o excesso de “Chapter Ninety-One: The Return of the Pussycats” (5×15), que adiciona músicas demais gratuitamente, como o momento que se canta Prologue/ Little Shop of Horrors simplesmente por que uma personagem está com vontade de cantar.

A quinta temporada de Riverdale poderia ser a grande chance de renovação do show, mas ela é atingida por uma série de problemas que parecem puxar o tapete do enredo, seja por conta da sua obrigação de finalizar a quarta temporada ou pela forma morna como se segue os eventos após o salto no tempo, que mais parece nos puxar de volta ao passado do que realmente explorar o futuro dos personagens. No final, é impossível não notar que Betty parece ser a única personagem que realmente evoluiu, mesmo que ainda seja possivel ver muitos dos seus defeitos tomando o controle de sua persona, o que deixa muito a desejar em certos momentos, quando queremos ver uma Verônica mais poderosa, um Archie menos medroso ou um Jughead mais lógico, logica essa que incrivelmente parece ser a palavra chave de Riverdale, que sempre flerta com o surreal e a fantasia para logo depois jogar um balde de agua fria ao fazer tudo ser disfuncionalmente realista (tem certos momentos que fica bizarro tentar entender por que uma pessoa resolve se vestir de certas fantasias para cometer crimes).

“Clifford Blossom. O Capuz Negro. O Rei Gárgula. Os Esnobes. Adicione à lista minha irmã, Jellybean, que era a voyeur/auteur.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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