Review | Round 6 [Season 1]

Nota
5

“Senhor, gostaria de jogar um jogo comigo?”

Seong Gi-hun é um típico homem baixa renda endividado do sul da coreia, ele é viciado em corrida de cavalos, é divorciado, trabalha de motorista e vive com sua mãe idosa, mas uma oportunidade surge na sua frente quando, numa estação de trem, um homem misterioso lhe oferece dinheiro se ele vencer um jogo, e o que parece uma pequena brincadeira logo se transforma num convite: participar num jogo maior, com um premio maior. Quatrocentos e cinquenta e seis competidores se alistam no jogo, seis jogos em seis dias e eles concorrem a um prêmio de 45,6 bilhões de wons, mas os jogos são muito além do que eles imaginavam… Nesses jogos, ou você ganha ou você morre.

Lançado pela Netflix em 17 de Setembro de 2021, o longa dirigido e roteirizado por Hwang Dong-hyuk lembra muito a base de Alice in Borderland ao mesmo tempo que parece ser uma deliciosa mistura das franquias Jogos VorazesJogos Mortais. O dorama logo se tornou um enorme sucesso na plataforma, chegando ao top 10 de diversos países e tento alguns clipes de seu primeiro episodio se espalhando pelas redes sociais imediatamente, e é justamente considerando “Red Light, Green Light” que podemos ter uma visão geral da série em si. O primeiro episódio é uma apresentação direta de toda a atmosfera da série, tudo começa com a apresentação de Gi-hun, uma trama que nos mostra sua vida, suas motivações e sua personalidade, o episódio se complementa com o primeiro jogo da experiência, deixando clara as regras, dando um parâmetro para comparar e injetando toda a adrenalina que a série promete oferecer, fica claro o que os executivos desejam nos mostrar e fica no ar a vontade de não parar até entender tudo.

Depois de um primeiro episódio espetacular, “Hell”, o segundo episódio, chega para completar toda a base necessária do show, nos apresentando outros personagens importantes para o avanço do enredo e nos dando toda a informação que precisamos para amar e odiar cada um deles. O Gi-hun de Lee Jung-jae é denso, ele tem uma personalidade engraçada mas tudo não passa de uma casca para esconder toda a garra, honra e tristeza que compõe sua essência, ele nos coloca numa grande encruzilhada quando mostra os motivos de estar no jogo ao mesmo tempo que nos força a questionar se ele realmente deve arriscar tudo que tem para jogar e salvar sua família. Cho Sang-woo (vivido por Park Hae-soo) é o orgulho do bairro onde mora, fez uma das melhores faculdades da região, é bem sucedido, mas ele cometeu erros em sua vida, ele acabou cedendo às tentações do mundo empresarial e fazendo coisas erradas, o que o coloca no centro de um buraco negro que pode destruir a sua vida e a da sua mãe. Kang Sae-byeok (vivida por HoYeon Jung) é a malandra do coração doce, ela se envolveu com gangues, entrou numa vida criminosa, mas no momento que conhecemos suas motivações, todo o rancor se dilui em sua doçura, quando vemos as boas intenções por trás da criminosa, não tem barreira que não venha ao chão.

Saindo dos participantes, a série ainda nos apresenta o decidido Hwang Jun-ho (Wi Ha-joon), um policial jovem que vê uma oportunidade no momento em que encontra um cartão para os jogos, ele percebe que é exatamente o mesmo cartão que seu irmão recebeu antes de desaparecer e resolve seguir as pistas para entender o que realmente é esse jogo, quem está por trás dele, como impedir sua realização e o que realmente aconteceu com seu irmão. A série ainda expande sua mitologia com a introdução do Líder,  um misterioso homem que se veste todo de preto e comanda cada um dos jogos, decidindo as provas e os horários, comandando toda a execução enquanto serve ao Anfitrião. Com toda a equipe dos jogos mascarada, com mascaras que definem sua função e sua autoridade, se torna ainda mais envolvente querer entender cada um deles, querer entender quem é o Líder, por que ele acredita nesse causa, entender o Anfitrião, e até entender as motivações por trás dos VIPs, o quinteto que parece ser o responsável por financiar os jogos, uma série de mistérios que só alimenta ainda mais a fome por maratonar a produção.

Com uma pegada de horror filosófico, Round 6 vai além da crueldade da franquia de James Wan no momento em que deixa claro que jogar o jogo é uma escolha, eles podem sair ou podem lutar no limite da morte para acabar com suas dividas, eles podem viver essa experiência mortal ou voltar para a vida real, muito mais brutal. A escolha de matar metade dos competidores logo no primeiro episódio, deixar eles saírem do jogo e depois nos fazer vê-los voltando é a maior lição moral que a série nos proporciona, todos sabem o risco que correm estando ali, mesmo assim eles preferem se submeter a isso do que voltar a vida sofrida que tinham, do que voltar pra casa de mãos vazias, esse é o verdadeiro poder por trás de toda a história. São nove episódios com cerca de 60 minutos cada, tempo suficiente para que possamos explorar todas as formas letais de provas do universo das brincadeiras infantis e evoluir a personalidade de alguns dos personagens, criando os clichês dos filmes do gênero ao mesmo tempo que os usa para engrandecer a trama. Com uma direção de arte impecável e um enredo primoroso, o show poderia ter sido perfeito se não fosse por um único arco: a história do policial. Toda a história protagonizada por ele parece deslocada do roteiro, é fraca, não nos envolve e parece ser uma trama paralela, que não interfere em nada no jogo em si e, por vezes, faz até que esqueçamos que existe um policial infiltrado entre os staffs.

 

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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