Review | Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco [Season 1]

Nota
3

Seya nasceu com um dom especial, ele tem o poder do cosmo emanando de seu corpo, algo raro nos dias de hoje, e isso o torna predestinado a ser um cavaleiro, mas não é só isso. Seya também chama a atenção de Matsumasa Kido, que acredita que ele seja o predestinado Pégaso que irá salvar Athena

, previsão que lhe surgiu numa visão dada por Aioros de Sagitário mas a mesma missão foi compartilhada com Vander Graad, enquanto Kido viu a esperança, Graad só enxergou que Athena perderia a batalha contra Hades Poseidon, o que resultaria no fim da humanidade.

Gostaria de te alertar que se você é um daqueles que assistiu o anime original e está a espera de todo saudosismo e um remake fiel, pode tirar o cavalinho da chuva, a Netflix parece ter visto nessa adaptação a chance de conquistar um novo público e, sejamos sinceros, o roteiro original tem muitas falhas que não iriam agradar o novo público e isso fez com que a empresa de streaming fizesse a primeira mudança crucial: tornar a trama mais rápida. Para os que assistiram o anime original podem estar cientes de ver o resumo do arco, de oito episódios, da Guerra Galáctica à introdução aos Cavaleiros Negros, em 6 episódios de meia hora e com bastante descaracterizações acontecendo. Melhorando, e muito, a trama do original, a nova versão opta por trazer os Cavaleiros para os dias atuais e trata-los como uma organização secreta, então estejam cientes de que o torneio lotado de espectadores e televisionado foi transformado numa luta clandestina no meio do deserto, mas o premio (a armadura de ouro de Sagitário) se manteve lá, outra mudança, que devo elogiar, foi eliminar a historia de que os cavaleiros são pessoas comuns escolhido por Matsumasa e criados para se tornar guerreiros, eles são crianças que nasceram com o poder da cosmo-energia e foram treinados para utilizar o máximo dos seus potenciais, e passam a se conhecer apenas durante o torneio.

Para inicio de conversa, devo dizer que o show, que estreou em 19 de Julho desse ano, mudou completamente seu ponto inicial. Logo de cara vemos Seya presenciando o sequestro de Seika, após a garota manisfestar o dom de queimar o cosmo, o que o traumatiza e o motiva a se tornar um cavaleiro (no original a irmã de Seya foge após ele ser levado por Kido), Seya cresce com esse medo até que, quando é atacado por uns valentões, desperta seu cosmo por acidente, algo que passaria despercebido se um deles não tivesse gravado tudo e lançado no Youtube, o que fez o garoto ser o tema de fofocas no orfanato e o que fez Matsumasa nota-lo. Seya então entende que Seika também pode ter seguido o caminho dos cavaleiros e se dedica nesse caminho na esperança de encontrar pistas da sua irmã. Nesse novo show temos toda a vilania sendo jogada nas costas do russo, Vander Graad, que resolveu criar seus próprios cavaleiros para derrotar Hades e Poseidon, que tomou o controle do Santuário e que quer matar Saori Kido, a jovem neta adotiva de Matsumasa e que, ambos acreditam, é a reencarnação da deusa Athena.

Por meio da clara americanização do show, a Toei traz um visual mais tridimensional a trama, o que difere, e muito, do visual que nos acostumamos no anime original e se aproxima muito mais com jogos da franquia, mas não é algo que é ruim como um todo, isto na verdade torna a animação mais forte e mais fluida em toda a sub-trama, o problema é a forma como essa animação não se encaixa de forma nenhuma nas batalhas, queimar o cosmo fica sem graça, os ataques especiais de cada cavaleiro perdem toda a sua dramaticidade. Outro ponto bem relevante na trama é que a animação é infantil, então todo aquele sangue presente no original não chega nem a fazer uma rápida aparição na nova versão, por outro lado, as lutas se tornam fracas, acelerar a trama fez com que lutas que duravam de 25 a 50 minutos terem que se resumir a 15 ou 30 segundos, tudo para que ela não fosse excluída do show e nem fosse motivo para alonga-lo. As novas armaduras são angustiantes, da uma vontade de mandar tirar o capacete do peito e botar na cabeça ao ver a forma como os capacetes dos cavaleiros no anime clássico são incorporados ao design do peitoral das armaduras atuais, mas é legal ver a ideia de as caixas das armaduras se transformarem em um pingente para ser mais fácil transportar. Devo dizer que a premissa dos Cavaleiros Negros serem cavaleiros renegados foi uma ótima sacada, mas faltou sustentar a premissa até o final, pois seria ótimo ver os outros cavaleiros enfrentando seus antigos rivais.

Estou tentando evitar citar a forma como transformaram Shun em mulher (o que não foi perdoado nem pela dublagem, já que vemos Úrsula Bezerra usando sua voz de Naruto) já que esse é um problema mega debatido, mas cito que isso incomoda ainda mais principalmente por que toda a animação teve que se adaptar a essa mudança, fazendo com que as amazonas não usassem mais máscaras, ver Shina sem máscara tira muito da personalidade e dos princípios da personagem, que tinha toda a frieza exposta pela voz, mas por outro lado nos faz ficar querendo saber por que Marin é a única que segue usando máscara (Será que vão fazer ela ser a Seika?). A questão é que a trama ficou muito diferente, mas há momentos em que isso pode ser bom, a forma como essa primeira temporada altera as motivações de cada personagem parece trazer uma nova luz a tudo, outro ponto que devemos considerar é que os roteiristas já possuem a trama completa em suas mãos, e isso lhes deu a vantagem de começar a construir a saga de Hades e Poseidon desde o primeiro episodio, algo que não existia no anime original e que fez ele ter uma primeira temporada sem muitas expectativas e cheia de incertezas. Devo ainda salientar que é interessante ver a versão do The Struts de Pegasus Fantasy, com uma nova letra, mas que seria muito melhor ver a versão de Edu Falaschi aparecendo na versão dublada.

O show traz um ar moderno e mais dinâmico, com muitos erros e muitas falhas, mas nada que impeça a experiencia do telespectador, claro que para aqueles que assistiram o original, pode incomodar, ou melhor, vai incomodar e muito, então recomendo que assistam com a mente aberta ou até tendo em mente que este não é Cavaleiros do Zodíaco e sim uma nova animação que é livremente inspirado nos mangás da saga. O melhor personagem é, de longe, a Tampa do Bueiro, é incrível como o personagem mais aleatório e mais sem noção foi o que mais nos cativou na temporada. Criticar todos vão, mas o show mal estreou e já se tornou um dos programas infantis mais assistidos da Netflix, o que mostra que ele está  atingindo seu objetivo de atrair a atenção e pode se tornar um sucesso, resta ver se os roteiristas vão saber manter a trama original, com pitadas e nostalgia, e com uma carisma que possa, futuramente, conquistar os fãs do clássico.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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