Review | Scream [Season 1]

Nota
4

“Não dá pra transformar um filme de terror em uma série de TV […]
Filmes de terror são intensos e rápidos. A TV precisa estender as coisas.”

A vida em Lakewood muda completamente após a morte de Nina Patterson, a garota que estava por trás de um sério incidente de bullying contra Audrey Jensen é brutalmente assassinada em sua piscina, o que levanta uma grande hipótese dentro da comunidade local, será essa a prova de que Brandon James, um assassino que matou diversos estudantes 20 anos atrás e acreditava-se ter sido morto, está de volta para continuar seu trabalho ou algum jovem está se aproveitando da história para reacender a violenta memória e se inspirar para se tornar um novo serial killer? A única certeza é que dentro desse grupo de adolescentes, onde começam a surgir amantes, inimigos, suspeitos, alvos e vítimas, todos possuem um segredo sujo que os conecta ao rastro de sangue.

Aos poucos vamos conhecendo mais a fundo cada um dos protagonistas. Temos Audrey, que teve sua vida transformada após Nina divulgar um vídeo, onde vemos ela beijando uma garota, vídeo que foi gravado por Emma Duval, que logo sente a culpa e resolve se reaproximar de Audrey, sua amiga de colegial. Emma ainda se envolve mais na trama por seu pai ter sido o único sobrevivente conhecido do ataque de Brandon James, mas o que ela não sabe é que sua mãe, Maggie Duval, era conhecida antigamente como Daisy, a garota por quem James era apaixonado, a garota que causou a revolta que o transformou num assassino, e a garota que se uniu a policia para montar a armadilha que causou sua suposta morte. Além de tudo, temos tantos outros clichês e segredos vagando pela escola, como Will Belmont, que namora Emma e a traiu com Nina, e Brooke Maddox, a patricinha que secretamente tem um caso com seu professor.

“Uma garota e seus amigos chegam à festa, ao acampamento, cidade deserta, sei lá. O assassino mata um por um. Noventa minutos depois, o sol nasce e a sobrevivente está sentada em uma ambulância vendo os cadáveres dos amigos sendo levados embora.”

A série tem seu marco inicial com uma marcante sequência, onde vemos a morte de Nina, inundando a cena de apresentação do antagonista com inúmeras referências à clássica morte de Drew Barrymore em Pânico, um verdadeiro deleite aos olhos dos fãs da franquia e dos cinéfilos de plantão. Mas o verdadeiro deleite surge por meio de Noah Foster, que assume o papel de nosso guia no enredo e praticamente quebra a parede várias vezes, sendo um aficionado por serial killers, o garoto é quem nos fala sobre os clichês de filmes de terror e faz piadas das escolhas da série, nos mostrando que a trama é capaz de rir de si mesmo e seu gênero ao mesmo tempo que constrói uma trama envolvente. É o melhor amigo de Audrey quem fala as mais marcantes frases da produção, se tornando rapidamente o principal suspeito dos crimes por ser o jovem mais conhecedor da vida de Brandon James.

Nos cativando com seus arrepiantes dez episódios de 40 minutos, a série teve seu primeiro ano lançado pela MTV em 30 de junho de 2015, com uma pegada típica de série adolescente da moda, Scream soube unir com maestria o clichê de séries sobre passados obscuros com o amago da Franquia Pânico, um assassino misterioso caçando um grupo de amigos por conta de um segredo desconhecido é a semente mais promissora plantada por Kevin Williamson e Wes Craven, e é justamente por isso que temos a presença de Craven entre os produtores executivos, botando seu dedinho mágico para garantir que a essência de sua franquia esteja clara em cada episódio da trama, tudo isso potencializado pelo primor do trabalho da The Weinstein Company, que impulsiona a produção a uma fotografia impecável e uma trilha discreta, um conjunto que garante vermos um conteúdo de 400 minutos que é suficientemente compassado para transmitir tão bem (ou até melhor) do que um filme com seus 120 minutos.

“Depois que o primeiro corpo é encontrado, é uma questão de tempo até o banho de sangue começar.”

O trabalho de Willa Fitzgerald como a protagonista da trama é encantador, a garota consegue imergir profundamente na trama e expressar toda a desorientação que até nós, espectadores, estamos sentindo ao presenciar o turbilhão de perguntas que surgem a cada momento, motivado pela cachoeira de segredos e que nos coloca ao lado dela, sem saber quem pode ser confiável, quem pode ser o assassino e por que a fixação nela. Bex Taylor-Klaus é outro grande destaque, a interprete de Audrey consegue encarnar facilmente o papel da garota rebelde e destemida, que fica rapidamente ao lado de Emma e tem grandes motivações para caçar o assassino. Completando o trio principal temos John Karna como Noah, o nerd inteligente que surge como maior apoio tático na investigação e que ajuda se torna uma enciclopédia humana para instruir as garotas na investigação e doutrinar o público para quebrar os clichês no desenrolar da série, ao mesmo tempo que os fortalece só por cita-los.

Além de todos, temos um certo holofote projetado em Jason Wiles, que surge como o Xerife Clark Hudson, se tornando rapidamente um alvo dos espectadores por ser a principal fonte de informações policiais e um possivel alvo do assassino por conta do seu envolvimento amoroso com Maggie, Amadeus Serafini, que vive o misterioso Kieran Wilcox, filho do Xerife e maior interesse amoroso repentino de Emma, e, claro, na discreta Tracy Middendorf, que encarna a apagada Maggie, possivel centro de toda a trama mas que é propositalmente escanteada para deixar cada participação ainda mais significante. O mais interessante é a forma como a série brinca com seus personagens, tornando cada um deles tão significantes e tão dispensável a ponto de não nos deixar prever qual será a próxima morte ao mesmo tempo que brinca com os clichês, nos fazendo duvidar de nossas previsões e teorias o tempo todo.

“Você torce por eles, se apaixona por eles. Então quando são brutalmente assassinados… Você sente a dor.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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