Review | The Good Doctor [Season 1]

Nota
4.5

“No dia que a chuva tinha cheiro de sorvete, meu coelhinho foi pro céu diante dos meus olhos… No dia que os canos de cobre do prédio velho tinham cheiro de comida queimada, meu irmão foi para o céu diante dos meus olhos… Eu não pude salvar eles… É triste… Nenhum dos dois conseguiu virar adulto… Eles deviam ter virado adultos… […] Eu quero tornar isso possivel, para outras pessoas… E eu quero ganhar muito dinheiro para poder ter uma televisão!”

Shaun Murphy é um jovem cirurgião que faz residencia no San Jose St. Bonaventure Hospital, ele seria um jovem comum caso não tivesse autismo e savantismo, mais especificamente, ele tem extremas limitações sociais e ao mesmo tempo um prodígio extremo em alguma área de conhecimento (no caso dele, medicina). Shaun passa então a usar seus talentos para salvar vidas e desafiar o ceticismo de seus colegas, enquanto é auxiliado por seu mentor e bom amigo, Aaron Glassman, presidente do hospital. 

A série é baseada numa série sul-coreana de 2013 que teve os direitos comprados por Daniel Dae Kim, a ideia passou pelas mãos da CBS, onde não evoluiu, até que Daniel, junto com a Sony, fez um piloto junto com David Shore, criador de House, que vingou e engatou no drama produzido pela Sony Pictures Television e pela ABC Studios. A série teve uma temporada completa de 18 episódios encomendada pela ABC em 3 de outubro de 2017, garantindo múltiplas críticas positivas e elogios ao desempenho do protagonista, Freddie Highmore, o que resultou na renovação para uma segunda temporada.

Claro que o destaque da série não pode deixar de ser dado a Freddie Highmore, o ator que parece ter sido feito para os papeis que tratem de transtornos mentais. Highmore fez destaque desde criança quando, em O Som do Coração, fez o papel de Evan, um garoto com TDAH que buscava encontrar seus pais e acaba nos emocionando bastante, já maior ele deu um show ao representar o Transtorno Dissociativo de Identidade que consome Norman Bates, em Bates Motel, e agora eles nos entrega um maravilhoso Shaun Murphy, que nos cativa com todo seu carisma involuntário de quem está no espectro.

E claro que a série não é feito unicamente de Freddie, temos Antonia Thomas no papel da Dra. Claire Browne, uma das residentes, que parece sempre lutar para ser vista por sua extrema competência mas luta contra seu espirito virtuoso, que a impede de ser dura com as pessoas e, principalmente, a faz mentir muitas vezes na busca por dar esperança a seus pacientes, o que a faz ser a primeira a aceitar Shaun. Browne tem um caso com Kalu, ou melhor, Dr. Jared Kalu, que é vivido por Chukuma Modu, outro dos residentes, mas que faz o perfil durão, ele busca sempre usar seu jeito galanteador e arriscar tudo na busca por mostrar sua competência, o que faz com que ele e Claire tenham muitas discordias e também o faz relutar em aceitar Shaun ao seu lado.

A equipe composta por esses três residentes é liderada por Nicholas Gonzalez, que viver o Dr. Neil Melendez, um respeitado cirurgião que parece ter medo de ter sua reputação manchada pelo alto risco de ter um autista em sua equipe, ele é noivo de Jessica Preston, papel de Beau Garrett, a advogada do hospital e maior amiga de Glassman, sendo a primeira a apoiar o homem na luta a favor de Shaun. Acima de Melendez temos, Hill Harper como o Dr. Marcus Andrews, chefe do setor de cirurgia e famoso cirurgião plástico, responsável principalmente de cuidar de todos os casos VIP do hospital, aspirante ao cargo de presidente, é o primeiro a se opor a Glassman e logo se anima com a aposta do médico que promete dar a presidência a ele caso Shaun cometa qualquer erro em cirurgia. Por último, mas não menos importante temos Richard Schiff como Dr. Aaron Glassman, o presidente do hospital, respeitado cirurgião neurológico, mentor de Shaun e seu maior protetor, e Tamlyn Tomita como Allegra Aoki, a responsável pelas finanças do hospital e por recepcionar todos os casos VIP, e garantir que ao fim do tratamento eles darão uma boa doação para os fundos do hospital.

Apesar de ser um personagem que aparece pouco, Steve Murphy, o irmão mais novo de Shaun, é um dos personagens que mais tocam nossos corações. Vê-lo cuidando de seu irmão autista é incrível, e saber que um garoto tão doce está morto é o que mais nos faz sofrer durante os 4 episódios em que ele aparece, e como se isso não bastasse temos a volta de Dylan Kingwell em “Point Three Percent” (episódio 5), sendo um paciente do hospital que é idêntico a Steve a acaba mexendo com o emocional de Shaun e o nosso.

Falando em episódios que se destacam, temos “Sacrifice” (episodio 10), onde Freddie chega ao ápice de sua atuação com a cena do surto após brigar com Glassman, e desaparece enchendo de drama a pausa para o hiatus, que durou de 4 de dezembro de 2017 a 8 de janeiro de 2018, e como se isso já não bastasse temos o caso do assédio que Claire sofre. Depois temos “More” (episódio 18), que finaliza a temporada banhando-a de emoções, principalmente dos acontecimentos envolvendo Glassman e Shaun, tendo uma cena final que nos deixa pirando de vontade de iniciar a segunda temporada.

Ao fim se pode concluir que realmente The Good Doctor fez jus a todo o boom que causou em sua estreia, fez jus a todas as suas criticas positivas e parece mostrar uma nova faceta, algo que nunca vimos em House por conta de sua acidez, mas que finalmente podemos ver nas cenas do doce e inocente Shaun.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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