Nota
“Alguém, que não seja um ser eterno, pode, por favor, explicar o que é essa por…”
Depois que Michael fez um acordo com a Juíza Hidrogênio, os quatro escolhidos para viver na experiencia de tortura do Lugar Ruim ganham a chance de voltar à terra e provar que podem ser boas pessoas para que, dessa vez, possam ser levados para o Lugar Bom de verdade. Para isso, Michael recebe a missão de ir à terra e impedir as mortes de Eleanor, Chidi, Tahani e Jason, na esperança de a experiencia de quase-morte do quarteto ser suficiente para eles repensarem suas vidas e se tornarem boas pessoas. O plano de Michael da certo no inicio mas, quando tudo começa a desandar e o quarteto começa a abandonar a vida de boas pessoas, o ser eterno decide quebrar as regras e interferir na vida deles para garantir o sucesso do teste, o que faz com que os seres do Lugar Ruim tenham um precedente pra vir a terra e interferir também para garantir o fracasso da ideia.
A forma como Michael Schur resolve mudar completamente a dinâmica da série a cada temporada pode ser a formula perfeita para o sucesso ou o fracasso, e infelizmente as temporadas de The Good Place são a maior prova disso. Enquanto a segunda temporada mostrou Michael tentando corrigir seu erro e se apegando a suas cobaias, a terceira temporada tenta mostrar uma nova dinâmica do grupo, trazendo Michael e Janet como anjos da guarda do quarteto que, pelo bem maior, resolvem interferir na dinâmica deles, os unindo na esperança de ver eles melhorarem. O problema dessa temporada é que, por conta de seu roteiro um pouco mais forçado, a trama vai perdendo a graça e perdendo a naturalidade que possuía, fica parecendo que os atores estão forçando o lado ruim de seus personagens e lutando contra os avanços, uma queda vertiginosa que só começa a se corrigir quando o jogo muda e o grupo se une para tentar achar uma nova maneira de chegar ao Lugar Bom.
A atuação de Kristen Bell, William Jackson Harper, Jameela Jamil, Manny Jacinto e Ted Danson parecem se atrofiar no decorrer dos episódios, perdendo a graça e o brilho que tinham anteriormente, e fazendo que mesmo a relação que vai surgindo entre Eleanor e Chidi e entre Tahani e Jason fiquem pouco atraentes. A repetição, que tanto foi engraçado na segunda temporada, perdeu a graça nesse terceiro ano, e fez com que o grupo ganhasse um tédio único. A volta de Adam Scott para viver Trevor é estupendamente insosso, vamos vendo o demônio em tela e nos perguntando onde está a graça que vimos soar tão natural na primeira temporada, o contrario do que acontece com Hidrogênio. Maya Rudolph é com toda a certeza a melhor atriz de comedia da trama, ela conseguiu fazer graça na segunda temporada e agora, mesmo com pouquíssimo tempo de tela, ela consegue facilmente o posto de melhor personagem da temporada, desbancando até D’Arcy Carden que teve uma excelente evolução nessas três temporadas mas não alcança tanto destaque com sua Janet nessa leva de episodio.
Seguindo com treze episódios, o sitcom da NBC perde um pouco o jeito durante esse terceiro ano, mas aos poucos consegue se reerguer e nos levar até um engate interessante para uma quarta temporada, nos preparando uma base muito mais interessante e original, que garante que Schur está indo para sua quarta renovação da trama, mas que parece ter uma chance de se restituir e reconquistar seu público, levando seus protagonistas para um novo caminho que tem muito mais a se debater e que pode dar muito certo ou muito errado, deixando claro que o showrunner está pronto para arriscar tudo nesse novo ano e na nova tentativa de Michael de levar seus amigos ao Lugar Bom.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.