Review | The Imperfects [Season 1]

Nota
3.5

“Se não somos humanos, o que somos?”

Um grupo de crianças acaba se tornando cobaias voluntárias do Programa de Bem-Estar, um experimento comandado pelo Doutor Alex Sarkov e a Doutora Sidney Burke para tratar Síndrome Genética Degrativa Aguda (SGDA) com um tratamento a base de células tronco sintéticas. Sete anos se passam e o Dr Sarkov misteriosamente para de fornecer a seus pacientes a vitamina que evita os efeitos colaterais do tratamento, o que leva Tilda WebberJuan RuizAbbi Singh, três dos antigos pacientes de Alex, a se unirem para convencer o médico a fornecer o medicamento, os fazendo perceber que os efeitos colaterais na verdade se transforma em mutações inesperadas que os fornece ‘poderes’, mas até onde esses poderes são realmente proveitosos? Quais os problemas que podem vir a surgir junto com eles? Qual a verdadeira intenção da Flux, uma organização secreta governamental que de repente criou um interesse em investigar alguns desses jovens com poderes?

Criada por Dennis HeatonShelley Eriksen, a série que estreou na Netflix em 8 de setembro de 2022 é um coming-of-age misturado com uma densa ficção cientifica, as histórias dos adolescentes que passaram pelas experiencias de Sarkov se mostram complexas, o que só torna o surgimento dos poderes mais complicado, dificultando a socialização plena do trio e até dos outros ‘mutantes’ que fazem breves aparições no decorrer da investigação do grupo. A série prende sua atenção no decorrer dos seus dez episódios de cerca de 40 minutos, apresentando camadas a cada um de seus personagens, reviravoltas inesperadas e surpreendendo os espectadores ao fugir do previsível com seus insistentes flertes ao clichê que nunca se encaminham para o que realmente prevemos.

Rhys Nicholson é uma das maiores gratas surpresas do show, o ator que se tornou renomado como um dos juízes do RuPaul’s Drag Race Down Under constrói um Dr Sarkov incrivelmente excêntrico, ácido e que arranca risadas a cada aparição, assumindo o papel de um vilão que amamos odiar, sabemos o quanto o médico é inescrupuloso e não liga a mínima para as consequências que a mutação está causando na vida de seus pacientes, ele só quer entender como elas aconteceram e como transformar isso numa nova descoberta cientifica. Iñaki Godoy é outro dos que carrega a série nas costas, interpretando o confuso Juan, vemos a construção do mais novo dos três, um jovem quadrinista que acaba descobrindo ter o poder de se transformar num feroz Chupa-Cabra, um monstro que começa a aparecer nos fóruns online sendo chamado de Terror de Tacoma e que sempre surge trazendo apagões no garoto (que não consegue controlar o que faz depois de transformado e nem quando se transforma), nos cativando no decorrer da série com o charmoso Chupi.

Rhianna Jagpal no papel de Abbi surge como outra personagem densa do show, uma garota assexual que acaba sendo transformada numa Succubus, ganhando a habilidade de soltar feromônios que causam atração em todos que a respiram, um desejo doentio de agradar à sua amada. Abbi é a cientista do grupo, ela deseja seguir os passos de Burke e Sarkov, mas como ser respeitada por sua inteligência quando você não pode chegar junto de ninguém sem transforma-la numa feroz fã? Sem ser desejada sexualmente de forma voraz por todos ao seu redor? Morgan Taylor Campbell infelizmente não engata bem no papel de Tilda, a personagem é irritante com sua vitimização extrema depois que ganha os poderes de uma Banshe, seu grito sônico e sua hiper audição se mostram necessárias no decorrer do show, mas a construção da personagem parece nos fazer desejar que ela tenha cada vez menos tempo de tela, principalmente pois seus dilemas não nos capturam. Italia Ricci nos intriga no papel da Dra Burke, trazendo segredos que só nos deixam ainda mais envolvidos com seu desenvolvimento, o mesmo que nos ocorre com a misteriosa Isabel Finch de Kyra Zagorsky, uma raivosa investigadora que parece ter grandes motivos para caçar o trio e Alex.

Com uma premissa simples, Imperfeitos pode ter seus defeitos, mas ainda consegue divertir e ousar sem ser chocante. Num mundo de heróis quebrados, sempre existem vilões sem dó, é justamente nesse ponto que a série consegue se distanciar do padrão Marvel para produções de heróis, eles não tentam criar heróis grandiosos e nem vilões extremamente engenhosos, temos apenas três adolescentes problemáticos lidando com seus poderes, com seus problemas e buscando a cura enquanto precisam cruzar com outros híbridos, transformados pelo experimento de Sarkov, e fugir da Flux, que os cerca cada vez mais. O show entrega uma boa aventura com um toque de ficção científica, sabendo usar as cenas de ação nos momentos certos e fazendo bom uso do sangue em cena, para não ficar chocante demais e nem family friendly em excesso, brigando com seu background e até criando diálogos bem humorados, que não focam em deixar o publico gargalhando mas criam um sorriso. A série se valoriza ainda mais com seu CGI, maquiagem e fotografia, que usa as cores e os cenários limitados a seu favor para tornar tudo ainda mais bonito visualmente, dando uma realidade latente à aparência de Chupi, e ainda deixando um pequeno gancho pra uma possivel segunda temporada.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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