Nota
“O mundo não foi feito para gente como nós. Por isso temos que pegar o que a gente resolver que é nosso. Porque ninguém vai dar para a gente. Não sem brigar.”
Gotham está prestes a conhecer um novo rei do crime. E ele atende pelo nome de Oswald Cobblepot. Após os eventos de The Batman, a cidade mergulha ainda mais no caos. O vácuo de poder deixado por Carmine Falcone abre espaço para novas disputas, e é aí que Oswald, um mero motorista de confiança, enxerga sua grande oportunidade. Ele não é só mais um peão nesse jogo — ele quer comandá-lo. Mas o caminho até o topo é perigoso, e um novo desafio surge em sua trajetória: Sofia Falcone, filha do antigo chefe, que retorna do Arkham após uma década, disposta a reivindicar o que é seu por direito.
A HBO Max entrega com Pinguim um spin-off que não apenas expande o universo sombrio de Matt Reeves, mas também encontra sua própria identidade. O realismo cru que tornou The Batman um sucesso se mistura a um tom cartunesco sutil, evocando as raízes das histórias em quadrinhos e criando uma narrativa rica e complexa. Gotham não é apenas um cenário: ela é um organismo vivo, decadente e implacável, onde os sonhos de grandeza se tornam pesadelos de poder. As cenas de Oswald contemplando a cidade através da janela do Iceberg Lounge são um lembrete constante de que, em Gotham, tudo é uma questão de quem está por cima e quem jaz nas sombras.
Colin Farrell brilha na pele de Oswald Cobblepot, trazendo camadas de profundidade ao personagem. O Pinguim não é apenas um vilão caricato — ele é metódico, ambicioso e cruel. Sua ascensão é pautada por momentos de brutalidade e inteligência estratégica, mas também por uma relação complexa com sua mãe, Francis, que revela a origem de sua sede por poder. Ele quer ser mais do que um capanga. Ele quer ser uma lenda.
Mas se Oswald é a tempestade que se aproxima, Sofia Falcone é o trovão que ressoa antes dela. Cristin Milioti entrega uma performance marcante, transformando Sofia em uma adversária implacável. Ela não está apenas em busca de vingança; ela quer reescrever as regras do submundo, impondo sua força em um universo dominado por homens. Seu embate com Oswald não é apenas físico ou estratégico — é um duelo de mentalidades, um reflexo da luta de classes que permeia Gotham há décadas.
A narrativa de Pinguim não se contenta em apenas preparar o terreno para Batman 2. Ela se sustenta sozinha, construindo um espetáculo de intriga, crime e ambição. Quando as cortinas se fecham, vemos Oswald finalmente no topo, observando Gotham de uma nova perspectiva. Não mais um mero espectador, mas o arquiteto do jogo. E, nesse tabuleiro, ele é quem dita as regras. Com uma estética envolvente, uma trama afiada e atuações memoráveis, Pinguim se firma como um dos spin-offs mais ambiciosos do universo DC. Cada passo de Oswald é um lembrete de que o crime não dorme em Gotham. E ele está apenas começando.
“Você pode imaginar? Ser lembrado desse jeito? Venerado?”