Review | The Politician [Season 2]

Nota
3.5

“Há empregos que alimentam o ego e outros fazem a diferença. A politica faz os dois.”

Depois de ser derrotado na disputa pela presidencia do Corpo Estudantil da Saint Sebastian e ser cortado de Havard, Payton entrou numa derrocada interna que o levou ao fundo do poço. Mas uma nova luz surgiu no seu horizonte quando McAfee lhe mostrou a possibilidade de disputar a vaga do Senado do Estado de Nova York, disputando a vaga com a já consolidada Dede Standish e aproveitando das falhas que sua campanha, sem concorrentes, possui. A campanha de Payton, que reúne uma equipe inusitada formada por McAfee, JamesAlice, AstridSkye, bate de frente com a líder de longa data do cargo e admirada por muitos no Senado e sua fiel escudeira, Hadassah Gold, a chefe do Estado-Maior, um dupla que estava pronta para uma reeleição fácil e já flertando com a possibilidade de ser vice de Tino McCutcheon numa futura campanha a Presidencia dos Estados Unidos. Agora Payton e Dede precisam travar uma dinâmica batalha pelo cargo que pode servir de batente para futuras oportunidades, tudo isso enquanto Georgina Hobart cresce em paralelo, disputando uma vaga do Senado do Estado da Califórnia, e pode ter interferências diretas nos rumos da campanha de Nova York.

Garantida desde a compra do projeto de Brad Falchuk, Ian Brennan e Ryan Murphy pela Netflix, a segunda, e última, temporada de The Politician enfrenta águas politicas mais profundas. Agora que temos a politica série e obscura de verdade acontecendo, podemos ver questões mais relevantes e polêmicas sendo levantadas, mas se a qualidade técnica do show continua primorosa, o mesmo não dá pra falar da trama, que toma um caminho exagerado, fútil e levanta questões quase criminosas ao tratar sobre uma corrida eleitoral séria. Claro que era uma sucessão natural encontrar Payton se envolvendo com uma disputa eleitoral estadual quando a série propôs uma jornada em busca da Presidência, mas apesar de o personagem passar por uma evolução moral palpável, a campanha parece mais imatura do que a que foi mostrada no ano anterior, pela presidencia do Corpo Estudantil, o que pode levar o público a se divertir com a trama, mas tira muito do peso das críticas que a série tenta fazer. A aposta de trazer as fantásticas Bette Midler e Judith Light, respectivamente interpretando Hadassah e Dede, como antagonistas engrandece o enredo, adicionando nuances de sofisticação e realidade ao show, mas se perde em meio ao tom comico que o show decide seguir.

Com a evolução moral de Payton, que era o principal comandante da veia comica do show, a trama começa a regredir moralmente os personagens ao redor do candidato, como se entregasse a eles a função de se envolver nas trapalhadas politicas que vão dar humor ao show, tornando a bem sucedida McAfee numa desesperada e fria general, disposta a tudo para derrubar a concorrente de Payton, faz Astrid perder toda a maturidade adquirida e se tornar uma mimada impulsiva, transforma o James moralista incuravel num trapaceiro sem consciencia e faz de Alice, uma regrada companheira, ser uma insegura e inconsequente em vários momentos. Como se não bastasse as ‘desconstruções’ dos personagens marcantes, o show ainda muda completamente duas personagens coadjuvantes para impulsionar momentos especificos do enredo, Georgina e Infinity. A mãe de Payton se transforma numa versão caricata de si mesma, ganhando diversos estereótipos da classe média vazia e ideais políticos inalcançáveis, enquanto Infinity se torna uma extremista improvavel, comandando a mão de ferro uma legião de seguidores de suas campanhas ambientais que pregam impacto minimo e rotinas ditatoriais na busca pelo fim da crise ambiental mundial.

Fica claro a urgência e capacidade de renovação da trama, se no primeiro ano tivemos um problema ao tratar uma única eleição de forma morosa e cansativa, essa temporada olha para mais longe e brinca ao tratar da campanha pelo Senado ao mesmo tempo que flerta, a todo momento, com a campanha presidencial. É elogiavel ainda enxergar que, após o impacto positivo de “The Voter” (1×05), episódio focado em mostrar o dia da eleição pelos olhares de um dos votantes, a segunda temporada faz questão de repetir o feito com “The Voters”  (2×05), que nos mostra duas gerações de mulheres discutindo sobre a disputa Payton v Dede. A segunda temporada de The Polician encontra maturidade em sua proposta, mas infelizmente se perde em seu tom satirico, claro que isso não deixa de tornar a série divertida e maratonavel, mas fica obvio o quanto a produção perde ao ter um assunto tão sério nas mãos e não saber tratar direito. Numa trama onde gravidez, polaridade política, apropriação cultural, escândalo sexual e era do cancelamento surgem como armas potentes, a série decide colocar todo o foco em planos sorrateiros de virada de voto e embates adolescentes em meio à politica séria.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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