Nota
“O Chastain precisa ter receita para pagar a folha e também precisa ser um simbolo de excelência, vocês dois têm razão. Vão ter que aprender a trabalhar juntos.”
As coisas começaram a mudar no Chastain Park Memorial Hospital agora que a Dra. Lane Hunter foi presa e o Dr. Randolph Bell se tornou CEO do hospital, mas nem toda mudança é tão boa quanto parece. Colocar o Mão Morte no poder é arriscado, mas seu maior inimigo surge na forma de Marshall Winthrop, novo presidente do conselho de acionista, e que é o pai de Conrad Hawkins buscando se reaproximar do filho depois de anos. Um novo ano significa novos dilemas surgindo no hospital, mesmo sem deixar as consequências dos dilemas anteriores ressoando no presente, e para tal temos a expansão da equipe com a aproximação da Dra. Kit Voss, cirurgiã de trauma que começa a conviver mais frequentemente com a equipe, e Dr. AJ Austin, um renomado cirurgião cardiotoracico que se torna nova adição à equipe do Chastain e logo recebe o apelido de Raptor, pela sua forma rispida de agir com os colegas e pacientes. Além disso, a dinâmica ganha nuances com a presença da QuoVadis, uma empresa de dispositivos médicos, no hospital, o que traz novos dilemas morais no lado profissional, e entrega uma nova trama para Devon Pravesh, que começa a se aproximar de Julian Booth,vendedora da QuoVadis, e descobrir novos sentimentos.
Depois de uma bem sucedida primeira temporada, não foi uma surpresa a renovação de The Resident para um segundo ano, agora indo mais fundo nos bastidores do funcionamento do Chastain Park Memorial Hospital, dando o devido espaço para conhecermos o que realmente se passa na mente de cada um dos médicos que faz parte da equipe principal. Depois uma temporada explorando a relação de Hawkins e Nic Nevin, esse segundo ano nos presenteia com revelações sobre o passado do casal em “Three Words” (2×03), explicando o que levou ao fim do relacionamento e os traumas que essa reconciliação precisa enfrentar, mas acima de tudo, a temporada decide que é o momento de explorar novas relação, criando um carismatico triangulo amoroso entre o Dr. Austin, Mina Okafor e Micah Stevens, outro que surge quando Devon começa a se apaixonar por Julian, o que coloca em risco seu casamento e cruza uma perigosa trama de corrupção envolvendo Gordon Page, o dono da QuoVadis, e até um singelo desenvolvimento de uma relação entre o Dr. Irving Feldman e a enfermeira Jessica Moore.
Com seus 23 episodios de cerca de 44 minutos, a temporada consegue mudar bastante sua narrativa e seu tom, de forma a exaltar os acertos do primeiro ano e explorar novos terrenos ao priorizar o Chastain como um protagonista acima de Hawkins. O enredo nos faz conhecer mais a fundo as motivações de cada médico, dando uma subtrama justa para Mina, ao ponto de nos surpreender com o plot envolvendo a Dra. Josephine Okeke em “Queens” (2×15). Outra grande trama é quando Jessie, a irmã de Nic, começa a ganhar mais tempo de tela, ganhando uma evolução interessante que impulsiona as revelações sobre o passado e o intimo de Nic e traz o embate das irmãs com o pai, Kyle Nevin. As participações também brilham, como é o caso da passagem de Dr. Alec Shaw, que explora uma vertente da medicina mais humana ao mesmo tempo que impacta na vida pessoal de Nic e Conrad de forma significativa, e de Shira Smook, que apesar de quase não aparecer na trama, é usada de forma direta na trama geral da temporada. Sempre certeira, a série ainda consegue nos dar uma cacetada emocional e moral em “If Not Now, When?” (2×20), quando, inspirado no caso real de Kira Dixon Johnson, usa o desfecho de Lea Davies para nos fazer sentir a dor cotidiana de tantas familias negras e nos coloca para refletir sobre a conexão entre negligência médica e o racismo, algo que as estatisticas comprovam ser comum no dia-a-dia de diversos hospitais.
Inteligente e revitalizada, a segunda temporada de The Resident segue acertando e melhorando a cada episódio, sabendo fazer, de forma eficiente, a realidade refletir cada vez mais no enredo do show. Indo mais fundo na questão pessoal dos personagens, a produção consegue balancear ainda melhor as vertentes morais dos bastidores da medicina, ao ponto de fazer o Chastain Park Memorial Hospital passar por uma desesperadora crise administrativa e financeira para mostrar que toda escolha têm uma consequência, e que, mesmo quando se está apenas dobrando as regras ao invés de quebrar, as vezes há um preço alto a pagar. Culminando a temporada como uma cereja apetitosa, “The Unbefriended” (2×23) finaliza a temporada com um clima cheio de tensão e adrenalina, com muita coisa acontecendo ao mesmo tempo nos bastidores do hospital, e seus últimos segundos entregando um avassalador cliffhanger, capaz de deixar qualquer espectador desesperado por uma terceira temporada.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.