Review | The Toys That Made Us [Season 3]

Nota
4.5

“De plástico que não envelhecem e nem são esquecidos…”

O grande sonho de Kevin Eastman era um dia se tornar um grande quadrinista como Jack Kirby, sem o apoio de seus pais o jovem resolveu se mudar para Dover, New Hampshire, onde acabou conhecendo Peter Laird, um grande amigo com quem ele criou o Mirage Studios, o berçário onde, numa brincadeira para descontrair, Kevin resolveu desenhar uma pequena tartaruga de máscara segurando nunchakus, uma brincadeira que acabou gerando três outras tartarugas, que acabaram se transformando nas famosas Tartarugas Ninjas. Depois da brincadeira, eles resolveram criar uma edição de quadrinho independente que logo se tornou um sucesso editorial, que acabou chamando a atenção de Mark Freedman, um agente autônomo que estava buscando um novo sucesso de licenciamento e acabou apostando pesado no quarteto de Eastman e Laird,e da Playmates Toys, um jornada cheio de sucesso, potencial e muita briga.

No dia 15 de novembro de 2019, foi lançado pela Netflix a terceira temporada da série criada por Brian Volk-Weiss, com mais quatro episódios, que foram aumentados para cerca de 45 minutos, onde explora toda a história das linhas de brinquedos que marcaram a história, indo desde sua criação até seu atual estado, contando em todos os detalhes e trazendo entrevistas dos principais envolvidos. Repetindo os tons divertidos e as diversas sacadas piadescas das temporadas anteriores, a série consegue manter o público cativo à produção, envolvido profundamente em um documentário que tem tudo para ser extremamente tedioso, não economizando ao explorar todos os seus detalhes técnicos e toda a evolução das linhas/franquias de brinquedos através das décadas que duraram sua história. Outro grande ponto alto da temporada é os ‘crossovers’ interessantes, já que as histórias dos brinquedos começam a cruzar com relatos que já foram tratados nas temporadas anteriores e, com muita graça, somos lembrados da conexão que certas pessoas e marcas tiveram com a história desses outros brinquedos.

O segundo capitulo vai décadas atrás, na origem japonesa da maior linha de bonecos dos anos 90. Depois da criação do Tokusatsu, o gênero de produções que estava pronto para virar moda ao apostar pesados na ação e nos efeitos especiais do Estúdio Toei, Shotaro Ishinomori criou Kamen Rider e projetou muito mais alto a Bandai Japão, um sucesso que fez a Toei e a Bandai se unirem para criar os Sentai, uma série sem muito sucesso. Em 1978, com a parceria entre a Toei e a Marvel, foi lançado oficialmente o primeiro Tokusatsu do Homem-Aranha, uma produção que fugia completamente dos moldes americanos mas acabou se tornando um sucesso no Japão, criando uma formula que serviu de base para a Toei ressuscitar seus Sentai e transforma-los nos Super Sentai, um formato que logo se tornou sucesso. Um sucesso que acabou chamando a atenção de Stan Lee, que acabou fazendo a Bandai abrir uma divisão nos Estados Unidos, mas que só conseguiu engatar no mercado ocidental depois de 1984, quando um homem chamado Haim Saban finalmente conseguiu achar a solução perfeita para levar os Super Sentai para o mercado americano.

O penúltimo episódio vai para os anos 70, quando a Hasbro começou a ter problemas com sua linha G.I. Joe e Stephen Hassenfeld precisou apostar na contratação de George Dunsay para criar novas linhas de sucesso. Com o tempo, e com a ajuda do designer Mike Cartabiano, George resolveu criar a linha My Pretty Pony, uma linha de pôneis destinados ao público pré-escolar, uma adaptação de uma ideia de Bonnie Zacherle para um brinquedo para meninas. Numa versão quase em tamanho real, o brinquedo acabou não vingando tanto, o que fez a marca resolver tentar diminuir seu tamanho e arriscar pesado ao criar pequenos cavalos coloridos, que acabaram chamando atenção nas sessões de teste e logo foram lançadas, pouco a pouco se transformado numa linha de brinquedos para menina, a primeira linha feminina de sucesso da Hasbro, que posteriormente foi batizada como My Little Pony.

Acabando a temporada, temos uma viagem até os anos 80, quando a febre pela Luta Livre ultrapassou os ringues e, através da LJN e da Remco, se transformou em uma popular linha de brinquedos da World Wrestling Federation (WWF). A história transita mostrando todo o visionarismo de Vince McMahon, que aperfeiçoou a forma de fazer Luta Livre, e de executivos como Saul JodelRobby Kanoff, que viram um potencial mercado infantil por trás de uma atração tão violenta. A história vai passando através dos anos, contando mais sobre a WWF, o surgimento da WCW e da ECW, a falência da LJN, a chegada da Galoob, da Tonka e da Hasbro nesse mercado de produtos licenciados, e todas as grandes batalhas de mercado que envolveram o mercada da Luta Livre e das diversas linhas de brinquedos geradas de seus lutadores.

The Toys That Made Us conseguiu, em poucos episódios, criar um material forte e interessante que pode continuar sendo usado mais vezes, explorando ainda mais brinquedos que marcaram a infância de tantas pessoas e, por consequência, acabaram marcando o mercado dos brinquedos de forma permanente. Repetindo a formula que já deu certo nas duas temporadas anteriores, A criação de Brian Volk-Weiss segue completamente preenchida de um roteiro carnal e de dramatizações contagiantes, mostrando, de forma leve, um documentário gostoso sobre infância, mercado financeiro, marketing, brinquedos, ideias e, principalmente, memórias. Cada episódio é uma visão imparcial da história, mostrando os segredos obscuros do passado de cada brinquedo, suas origens inovadoras, suas derrocadas assustadoras, seus altos e baixos, seus renascimentos e suas revitalizações.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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