Review | The Umbrella Academy [Season 2]

Nota
5

“Nós precisamos achar os outros, pois o mundo acaba de novo em dez dias… e eu não tenho ideia de como impedir.
Eu não tô nem aí.”

Após escaparem por um triz do apocalipse que causaram em 2019, os Irmãos Hargreeves saltam no tempo e aparecem em Dallas, Estados Unidos, em diferentes momentos da década de 60. Separados, eles são obrigados a reconstruir sua vida até que Cinco (Aidan Gallagher), o último a sair da dobra do tempo, aparece em uma cidade prestes a combater um holocausto nuclear que acaba matando todos seus irmãos.

Com a ajuda de um velho amigo, Cinco consegue voltar no tempo para dez dias antes do evento apoteótico, recebendo uma nova missão de reunir sua família e impedir o colapso custe o que custar. Determinado a não cometer os mesmos erros, o assassino temporal busca noticias sobre o paradeiro dos irmãos, enquanto novos inimigos surgem para liquidar seus poderosos familiares.

O problema é que eles não estão nem um pouco preocupados com o novo evento, trazendo um impasse catastrófico que estava longe dos cálculos geniais de Cinco. Seriam eles capazes de impedir algo que já se mostrou inevitável ou o ego e as cicatrizes profundas se colocaram mais uma vez no caminho da problemática família?

Depois do sucesso estrondoso da primeira temporada, não demorou muito para a Netflix renovar sua nova aposta, trazendo seu público ao delírio. Mas, com a confirmação do novo ano, veio a tona uma questão pertinente: como adaptar o novo arco tendo tantas mudanças drásticas no anterior? Principalmente quando aspectos fundamentais já tinham sido adaptados para a trama da primeira temporada.

Baseada nas HQs de Gerard Way e Gabriel , a segunda temporada de The Umbrella Academy tinha como objetivo adaptar os eventos de Dallas, mas, com tantos aspectos já apresentados, a trama ganha uma liberdade maior que procura aprofundar seus personagens. Aproveitando a década inserida, a série procura explorar temas mais profundos e plurais, trazendo momentos históricos que soam oportunos e necessários.

Questões como racismo, homofobia e relacionamentos abusivos de todos os tipos são mostrados com mestria trazendo questionamentos pertinentes. Inserir isso em um ano repleto de eventos transformadores faz com que a trama ganhe um leque emocional ainda maior em sua jornada. É nesse momento que a serie nos enche com seu brilhantismo, nos colocando na pele de seus personagens enquanto observamos atitudes revoltantes, que possuem características até os dias atuais.

Embora apresente sete plots distintos, o roteiro soa coeso e bem estruturado, construindo temáticas relevantes que tornam a trama tão interessante quanto fluida. Até mesmo a repetição da urgência contra o armagedon não incomoda o público, soando mais como um plano de fundo para concertar erros passados do que uma repetição continua do mesmo problema.

Allison (Emmy Raver-Lampman) e Vanya (Ellen Page) são frutos do melhor trabalho de roteiro. A primeira embarca em uma luta magnifica pelos direitos civis da população negra em meio a um ambiente hostil e caótico, a segunda é resgatada por uma família de fazendeiros que parece saída de um sonho americano, mas possui sérios problemas. Allison se recusa a usar seus poderes, tentando conseguir as coisas de maneira correta e pacífica enquanto demonstra toda a podridão social que tem reflexos até hoje, enquanto Vanya descobre mais sobre si e seus sentimentos criando um laço romântico com Sissy (Marin Ireland), um mulher que vive com um marido aparentemente perfeito até revelar todo o abuso escondido por ele, em uma época onde homossexualidade era considerado uma doença.

Klaus (Robert Sheehan) tornou-se um líder de um culto, mas toda afeição e adoração se torna sufocante para ele. O rapaz ainda tem cicatrizes profundas do seu passado e tenta recompensar, mesmo não sabendo como, o que o leva a tomar atitudes egoístas que trazem um beneficio próprio. enquanto destrói vidas alheias. Ben (Justin H. Min), o fantasma mais amado do pedaço, retorna para trazer tudo aquilo que esperávamos dele. Cansado de ver o irmão cometer os mesmos erros de sempre, o espectro decide tomar a frente enquanto cria interesses próprios. É gratificante ver o rapaz ganhar mais espaço na trama, principalmente quando sua participação mostra-se tão necessária e cativante. É dele os momentos mais emocionais, e é com ele que algumas lágrimas podem rolar. Acredite, vale cada segundo.

Diego (David Castañeada) e Luther (Tom Hopper) são os que menos empolgam. O primeiro se mostra obcecado em salvar John F. Kennedy, em uma síndrome de herói insana, enquanto o segundo entra em um trabalho de segurança para um famoso chefe da máfia local. Diego parece ignorar tudo aquilo que desenvolveu na primeira temporada, beirando a atitudes lunáticos, embora seja com seu arco que somos introduzidos à magnifica Lila (Ritu Arya), a melhor adição ao elenco. Luther demonstra estar arrependido de seus atos passados e desperta uma veia cômica, mas não passa muito disso.

Cinco ainda se mostra o melhor personagem da season. Sádico, acido e extremamente sarcástico, o velho preso no corpo de um adolescente é colocado no cerne da trama, fazendo tudo para proteger sua família, embora eles o irritem profundamente. Conhecemos um lado mais sensível do assassino, além de sermos presenteados com suas ótimas cenas de ação e a atuação impecável de Gallagher, que traz toda verdade necessária para o personagem.

Temos o retorno da maliciosa Handler (Katie Walsh), que, após quase ser morta na temporada anterior, foi rebaixada de cargo e fará de tudo para recuperar seu espaço. Ela se mostra ainda mais maligna e perigosa, se colocando em uma batalha constante com AJ e demonstrando que ainda não conhecemos o seu pior lado. Somos ainda introduzidos aos Suecos, um trio de assassinos que entra para suprir a ausência de Cha-Cha e Hazel, mas sem o mesmo carisma.

Com uma temporada mais madura e segura de si, The Umbrella Academy entrega uma temporada extraordinária, que tem tudo para agradar aos fãs. Embora não siga a risca o conteúdo em que se baseia, a serie faz um ótimo trabalho ao entregar uma trama interessante e divertida, o que nos faz clamar ainda mais para a continuação da narrativa.

“Você não esta mais sozinha na mesa de jantar.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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