Review | The Witcher [Season 1]

Nota
4

“Encontre Gerald de Rívia… ele é seu destino”

Gerald de Rívia (Henry Cavill) é um bruxo. Transformado magicamente e treinado desde pequeno, o mutante tem um único intuito: caçar monstros e recolher recompensas pelo seu trabalho. Mas, durante seus anos na estrada, o guerreiro aprendeu que as vezes os humanos podem ser mais perversos que as feras que o ameaçam. Tentando encontrar seu lugar no mundo, e sendo rejeitado por todos ao seu redor, Gerald procura ser o mais justo que pode enquanto lida com toda estranheza que seu ser desperta nas vilãs que visita.

Durante seu caminho ele conhece Jaskier (Joey Batey), um bardo famoso por suas cançõe, que procura utilizar das aventuras do bruxo para compor suas melodias, e Yennifer (Anya Chalotra), uma poderosa feiticeira que vê seu destino ligado ao caçador de monstros. Mas, nada o teria preparado para o que estava chegando.

Durante o cerco de Cintra, a poderosa Rainha Calanthe (Jodhi May) vê suas forças dizimadas pelo exército Nilfgaardianos. Gravemente ferida e prevendo uma derrota cada vez mais próxima, a destemida realeza decide revelar seu último e mais temível segredo à sua neta, Cirilla (Freya Allan). O destino da princesa está ligado ao de Gerald, ela foi prometida a seus cuidados antes mesmo de nascer e precisa encontrar o bruxo para ter uma chance nesse novo mundo.

Assustada, a princesa foge do castelo sendo perseguida por inimigos desconhecidos, enquanto tenta lidar com o caos que sua vida se tornou. Determinada a cumprir seu destino, ela busca desesperadamente por Gerald enquanto acompanha as cicatrizes deixadas pela guerra em meio a seu povo. Mas, seria o destino capaz de unir duas pessoas tão diferentes ou isso tudo não passa de um invencionice popular para acalentar os menos favorecidos?

Trazer para uma nova mídia um arco de fantasia épica sempre se mostrou algo problemático e bastante complicado, ainda mais quando tal fantasia é seguida por uma legião voraz de fãs. Não é de se estranhar que, quando anunciada, a serie de The Witcher tenha causado estranhamento e receio mas, mesmo com todo o dilema, despertou a atenção e se tornou uma das mais aguardadas do ano.

Criada por Lauren Schmidt, e baseada na saga escrita pelo polonês Andrzej Sapkowski, The Witcher chega com o árduo trabalho de saciar a fome dos fãs e trazer todo conceito explorado nos livros… O que pode causar alguma confusão a quem apenas acompanha a obra através dos jogos da franquia.

Com oito episódios em seu primeiro ano, a serie adapta os acontecimentos narrados em O Último Desejo e A Espada do Destino, criando uma narrativa coesa em meio aos contos separados pelo autor. A série usa e abusa de sua licença para construir sua linha temporal, causando certo estranhamento a princípio mas explorando bem a sutileza para contar sua história (algo percebido aos poucos e que constrói uma trama detalhista e repleta de nuances, embora as vezes confusa caso você não preste a devida atenção).

Cada capitulo introduzir uma nova trama, trazendo novos personagens, cenários e criaturas, enquanto tenta expandir ao máximo o universo criado e introduzir o público ao ambiente caótico do Continente, com seu jogo político e suas guerras dilacerante. O que causou certa comparação a uma certa serie de fantasia acabada a pouco, mas que não tem nada de semelhante com o cenário apresentado aqui. Se GOT é uma série politica com toques de fantasia, The Witcher é uma serie de fantasia com toques políticos.

A série tira o foco de seu protagonista e o divide com outras duas personagens importantes para a trama, fazendo um desenvolvimento preciso de suas personalidades e apresentando suas jornadas ao publico, enquanto mantém a temática principal. Tendo como cerne o destino e suas misteriosas ligações, a temporada destrincha três arcos narrativos distintos, com sua própria linha temporal que se encaixam com maestria ao longo da narrativa.

O primeiro segue Gerald, em algo mais contido e cotidiano. Acompanhamos o bruxo em suas caçadas enquanto percorre os reinos em busca de trabalho. Sendo a peça central da narrativa, tudo parece evoluir ao longo de suas caminhadas, trazendo uma base crescente para aquilo que o roteiro quer mostrar mais a frente. O segundo segue o passado de Yennifer, suas dores e sacrifícios e como ela se transformou ao longo de sua jornada. A trama apresenta bem sua jornada e retira um pouco a camada misteriosa que cerca a personagem, trocando-a por um desenvolvimento exemplar que mostra toda a força que a personagem possui.

E o último, mas não menos importante, segue Ciri, que nos mergulha em todo caos que sua vida se tornou enquanto tenta encontrar sua única esperança de salvação: Gerald. A princesa perdeu tudo que um dia conheceu e não pode confiar em mais ninguém, trazendo um arco evolutivo maravilhoso enquanto aprende mais sobre si e o legado que carrega.

Com atuações impecáveis, cada ator transborda o que os personagens precisam, mostrando um elenco afiado e uma trama ágil. Henry encarna com precisão o carrancudo caçador, mantendo sua voz em um único tom e se comunicando o mínimo possível, algo tão presente e marcante que se mostra uma assinatura de Gerald, transportando todo o caos interior com tão pouco. O ator decidiu descartar dublês e encarar todas as faces do protagonista de peito aberto, trazendo cenas de ação magníficas, que são bem trabalhadas e um verdadeiro deleite aos olhos.

Anya trás toda dor de alguém marcada por sua historia, mas que soube usar sua força para seu próprio proveito. Manipuladora, poderosa e extremamente política, Yennifer fará de tudo para alcançar seu objetivo mesmo que isso machuque ainda mais suas feridas internas. No elenco secundário temos o magnífico Joey Batey que rouba a cena com seu irreverente Jaskier. Servindo como alivio cômico, o bardo nos diverte e encanta trazendo alguns dos melhores momentos da narrativa com seus problemas. Suas canções memoráveis colam em nossas cabeças e dificilmente saíram de lá, tendo o destaque na épica Toss a Coin to Your Witcher que arrepia nossa alma e se tornou um sucesso instantâneo entre os fãs.

A Rainha Calanthe de Jodhi é imponente e feroz, como uma verdadeira leoa protegendo sua prole e, embora apareça pouco, é de extrema importância para a jornada. Tissaia (MyAnna Buring) é calculista e poderosa, trazendo toda a frieza possível para sua reitoria e roubando cada uma de suas cenas desde o primeiro momento em que aparece. Fringilla (Mimi Ndiweni) teve todo seu destino determinado por decisões de terceiros, mas utilizou de seus infortúnios para construir um verdadeiro Império. Sua mente afiada e sua determinação pétrea conduzem a guerra com maestria, passando por cima de todos que estão em seu caminho, servindo de contra ponto para Yennifer.

Mesmo com alguns problemas, entre eles o CGI bizarro de alguns cenários, The Witcher entrega uma ótima adaptação e constrói uma boa base para a construção do seu universo. Fortalecendo seus personagens e entregando uma jornada fantástica, a primeira temporada desperta nosso interesse e prepara o terreno para frutos melhores que estão por vir. Então, a todos os fãs aqui presentes, podem ficar tranquilos quanto a adaptação e não esqueçam de dar um trocado a seu bruxo antes de sair.

“O Tempo da espada e do machado está chegando”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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