Review | Titans [Season 1]

Nota
4

“Foda-se o Batman.”

O Detetive Dick Grayson veio parar em Detroid depois de um triste ocorrido com seu parceiro em Gotham, mas ser um justiceiro nessa cidade pode não ser tão satisfatório quanto parece. Rachel Roth tem algum poder obscuro dentro dela, que a faz sentir coisas e ser esquisita, que a faz ter visões a noite, como a morte dos pais do jovem garoto do The Flying Grayson, mas ela precisa mudar sua vida quando presencia sua mãe sendo morta, entrando num ônibus para qualquer lugar e acabando por parar frente a frente com o jovem Detetive, o mesmo garoto de sua visão.

Com o tempo, Rachel e Dick descobrem que um grupo parece querer capturar a garota por algum motivo desconhecido, e acabam sendo envolvidos numa fuga que os faz cruzar com uma poderosa negra de cabelo rosa, que perdeu a memória e tem em Rachel a unica pista, já que está a meses procurando a garota para protege-la de alguma coisa. Aos poucos vamos conhecendo os poderes de Rachel, a chave para um ritual macabro, os traumas de Dick, que foi adotado por Bruce Wayne e cresceu como Robin, as capacidades de Kory, uma mulher misteriosa que consegue lançar chamas de seu corpo e incinerar qualquer coisa ou pessoa em questão de segundos, e até cruzar com Gar, o peculiar oriental de cabelos verdes que consegue se transmutar em um tigre verde.

Construindo pouco a pouco a união daqueles que ficaram conhecidos como Jovens Titãs, a série joga eles nesse mundo e os faz cruzar caminhos e se unir vagarosamente por um motivo maior: entender o que é Rachel e que perigo ela oferece à humanidade. Claro que, como tantas outras série da DC, o show nos cativa ainda mais com aparições de personagens nativos da editora. Aparições como RapinaColumbaHomem-RobôHomem-NegativoMulher-ElásticaJason Todd, e tantas outras personalidades que deixam um sorriso no nosso rosto e um brilho nos olhos quando surgem em tela. Aos poucos a série vai construindo emocionalmente cada um de seus protagonistas, nos expondo às camadas densas que moldam a personalidade de cada um dos membros do grupo, nos fazendo ver a dor psicológica em Dick, o medo entranhado em Rachel, a insegurança que permeia Kory e a euforia inacabável de Gar.

Num plano geral, Titans é uma série plenamente bilateral, possuindo o melhor dos dois mundos necessários para seu sucesso. Enquanto temos de um lado toda a fidelidade aos quadrinhos, com referencias precisas ao universo das páginas da DC, a série também dá uma boa repaginada nos personagens para torna-los atuais e concisos com a trama, garantindo que cada uma de suas camadas vai cooperar com a construção da trama. A série constrói uma primeira temporada sem exageros, mostrando referencias mas não vivendo delas, e construindo uma trama focada no surgimento do grupo, paralela a sua própria mitologia que permite conquistar os fãs da DC e os que não conhecem as HQs. Vemos todo o brilhantismo de Geoff JohnsAkiva Goldsman e Greg Berlanti exalando na direção dos episódios, assim como pudemos nos deliciar com as maravilhosas cenas de Brenton Thwaites, que constrói um Dick tão sóbrio que cada derramamento de sangue em tela se torna justo, nos fazendo ver sua espiral violenta e todo o trauma de ser criado pelo Batman ao mesmo tempo que vemos sua luta para desencarnar de sua antiga identidade, deixando de ser o Garoto Prodígio e se tornando um herói.

Por outro lado, o protagonismo de Teagan Croft não é tão agradável. A garota que vive o papel de Ravena é o foco do plot principal da temporada, mas ela não brilha na trama, ela constrói uma personagem incrível mas nada expansiva, deixando a Ravena como mais do mesmo, só uma ferramenta de desenvolvimento da história, assim como é feito com o Mutano de Ryan Potter. Indo na contramão, Anna Diop dá um show de atuação, que faz todos aqueles que fizeram mimimi com sua escalação pagarem a língua e aplaudir de pé, ela constrói uma Estelar surreal, ou melhor, bem real. A atriz anda pelas beiradas do enredo, com um plot minimo e discreto, mas incendeia (perdão o trocadilho) em cada cena que se impõe, mostrando muito mais da Estelar que conhecemos nos quadrinhos ao mesmo tempo que nos conquista e nos surpreende.

O maior problema da série é seu final, trazendo em “Dick Grayson” (episodio 11) o episodio que menos se encaixa no enredo geral, culminando alguns dos deslizes que o roteiro possui durante a trama, e nos deixando de cara com cenas tão confusas que deixa um gosto insosso, que mais parece um episódio solto do que uma season finale de verdade, e que ruma numa derrocada que só não é completa por que nos surpreende ao final, com uma cena pós-credito cativante que, mesmo sendo tão cheia de significados, não equilibra a falha e nos deixa com curiosidade mas não com aquela euforia de querer mais, sorte da série que a curiosidade é suficiente para esperar uma segunda temporada.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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