Review | You [Season 1]

Nota
4

“No fim das contas, as pessoas são decepcionantes, não?
Mas você é, Beck? Você é?”

Joe trabalha numa livraria e numa certa tarde ele cruza com Guinevere Beck, uma garota deslumbrante por quem ele se apaixona à primeira vista. Mas, para Joe, amor não é um jogo; é uma obsessão. Ele passa a um nível supremo de perseguição, analisando cada ato de sua crush, chegando a espioná-la, vigiá-la e invadir sua casa, xeretar seu computador, roubar seu celular, e sempre narrando para nós cada uma das suas conclusões, ou melhor, narrando para a Beck.

Joe é o grande astro desse suspense psicológico com toques de ficção policial. Ele tem duas grandes identidades: (1) há o Joe Romântico, o homem perfeito, namorado perfeito, um homem raro que protagoniza um lindo romance com Beck; (2) e há também existe o Joe Psicopata, a realidade por trás do homem, o que persegue e manipula, o que usa todas as armas para ter o que quer, e isso fica claro no momento que ele sequestra Benji para tirá-lo do caminho da garota que ama. O papel foi executado perfeitamente por Penn Badgley, que fez sua fama no meio do mundo de fofocas de Gossip Girl e agora volta para invadir a intimidade da – não tão inocente – Beck.

A série estreou em 9 de setembro de 2018 na Lifetime, mas desde 26 de julho de 2018 a emissora já havia confirmado uma segunda temporada. No Brasil, a série foi lançada em 21 de Dezembro de 2018, como um título Netflix Original. A produção, que tem uma pegada que bebe muito em Gossip Girl e PLL, logo estourou com seus 10 episódios e foi rapidamente exaltado como um dos destaques da Netflix, virando o novo guilty pleasure do público e gerando polêmicas, principalmente por conta da romantização de Joe pelo público; o que causa um certo espanto, já que o público começou a amar aquele que deveria ser o vilão da série, aquele que devia ser rejeitado e repudiado.

A cargo de trouxa do ano ficou para a Beck, de Elizabeth Lail, que é mais conhecida pelo papel de Anna, em Once Upon a Time, que e parece ter aprendido bem com Belle; afinal, passamos a série inteira gritando para essa mulher se atinar e comprar uma cortina – você tem que entender que morar no térreo com a janela de frente para rua acaba tornando você um alvo fácil, e transar ou se masturbar no sofá que fica de frente para essa janela é a pior escolha a ser feita. Com o tempo, ficamos indecisos sobre se devemos ter pena ou ódio da garota, que parece ter um imã para pessoas problemáticas, pois vemos que não é Joe que possui uma relação tóxica com ela.

Outros dois grandes destaques da trama são Peach e Cadence. Peach é a melhor amiga de Beck, ela é rica, vinda de uma família abastada e é muito protetora com a protagonista; por isso, ela acaba tendo ranço à primeira vista por Joe e se torna o maior desafio do psicopata. A Peach é a amiga que mais influencia Beck e, portanto, a que ele precisa conquistar. No contra ponto temos Cadence, a ex-namorada de Joe, que sumiu após o termino e desapareceu de todas as redes sociais, não atende ligações e que pouco aparece, mas rouba a cena desde suas rápidas aparições em Amour Fou (episódio 6), tendo até direito a um episódio centrado no passado dela e de Joe em Candace (episódio 9).

A trama de Greg Berlanti e Sera Gamble é inspirado, quase que fielmente, no livro de Caroline Kepnes. Os criadores tiveram o mínimo cuidado não só para fazer toda a série ser viciante, mas para mostrar a dualidade existente em Joe, que nos faz ver o quanto o personagem é bom e perigoso ao mesmo tempo. Eles ainda alteraram dois pontos do livro, o que acabou deixando a trama ainda melhor e garantindo um gancho para a segunda temporada. A mente de Joe é um espetáculo; ver sua loucura e se envolver nisso, ver seus motivos e, principalmente, ter sua moral testada por tudo isso, faz com que nós saíamos desta série com muitas perguntas na mente, principalmente a dúvida sobre até que ponto Joe estava certo, até que ponto Beck e Joe combinavam, e, principalmente, até que ponto é possível ir por amor?

“Acredito nisso, Beck.
O amor é mais importante.
Mas o mundo é um lugar cruel.”

https://youtu.be/h-aO-v67jFk

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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