Review | Inuyasha [Season 4]

Nota
4.5

“O que é puro se torna sujo, o que é sujo se purifica. O que é bom se torna mau é o mau se torna bom.”

Com o desaparecimento de Naraku, inúmeros yokais começam a sair dos seus esconderijos e aterrorizam a todos no Japão Feudal. Seguindo o rastro do seu inimigo, Kagome, Inuyasha e seus amigos vão acabando com todos eles enquanto tentam reagrupar os outros fragmentos da Joia de Quatro Almas. O grupo de yokais lobos das montanhas do norte começam a ser atacados por um poderoso guerreiro zumbi que come a carne de yokais e humanos.

Juntando suas forças com Kouga, o grupo descobre que o monstro fazia parte do famoso Exército dos Sete, um poderoso grupo que massacrava quem estivesse em seu caminho, servindo a quem lhe pagasse mais. Após a união dos senhores feudais, o grupo foi derrotado e decapitado mas, consequentemente, todos foram revividos com fragmentos da joia com um único objetivo: destruir Inuyasha e todos seus companheiros.

Enquanto enfrentam seus novos e amedrontadores inimigos, o sexteto se aproxima do Monte Hakurei, um lugar com uma áurea de purificação tão poderosa que impede a aproximação de qualquer yokai e hanyou. Curiosamente, o sagrado monte foi escolhido como esconderijo de Naraku e seus capangas, o que impede os planos de Inuyasha de finalizar seu inimigo. Mas, como alguém tão maligno quanto o meio-yokai pode sobreviver ao monte sem ser purificado? Como adentrar a poderosa barreira purificadora quando nem ao menos podem se aproximar deles? E, o que os Sete Guerreiros tem em comum com o vilão?

Iniciada em 13 de Janeiro de 2003, a quarta temporada de Inuyasha finalmente inicia seu novo arco. Dirigida por Yasunao Aoki, o anime da continuidade à história do mangá, trazendo novos elementos que avançam a história e crescem sua narrativa. Aproveitando melhor a desenvoltura de seus personagens, a temporada se mostra mais energética e cheia de reviravoltas, trazendo uma nova vivacidade à trama e aprofundando conceitos já estabelecidos.

Se as outras temporadas usavam o pano de fundo das guerras civis no Japão Feudal, essa nova trama mostra as consequências do período histórico, trazendo momentos marcantes que emocionam e nos fazem refletir. Além disso, as lutas parecem mais fluidas e poderosas, trazendo uma melhora crescente na animação (embora algumas pausas, sem explicação, aconteçam durante momentos bizarros, o que incomoda àqueles que assistem).

O enredo toma uma crescente, trazendo novos aspectos enquanto escolhe um novo caminho para seguir ao esconder seu vilão principal. Naraku pouco tem a acrescentar à trama, mas consegue ser tão presente e assustador que sua presença é sentida o tempo todo. Parece que, ao encobrir seu antagonista, a trama lhe da um ar mais perigoso, nos mostrando que ele ainda tem muito o que mostrar e que seu ataque pode chegar a qualquer momento.

Com a figura enevoada do yokai escondida, sobra para os novos antagonista preencherem essa lacuna, o que acontece bem a ponto de nos envolver em suas histórias. O Exército dos Sete tem uma personalidade tão distinta que consegue nos divertir ao mesmo tempo que amedronta. Cada um traz uma personalidade para a trama, se mostrando um desafio maior a cada novo embate com os protagonistas. De uma maneira bizarra, os sete guerreiros zumbis se completam em sua estranheza, trazendo uma dinâmica interessante ao expectador.

O primeiro a nos ser apresentado é Kiokotsu, um gigante canibal que se alimenta das carnes de humanos e yokais. O zumbi atormenta a tribo dos lobos do norte, colocando Ayame em risco e despertando a ira de Kouga. Embora pouco apareça no anime, o brutamontes é nosso ponto de partida para a nova saga, trazendo um despertar no meio de todo o enredo secundário. O segundo é Mykotsu, o mestre dos venenos e o primeiro a apresentar uma consequência real aos protagonistas. Ginkotsu é uma verdadeira maquina de combate. Tendo seu corpo totalmente alterado, o monstruoso ciborg possui uma artilharia pesada, capaz de destruir todos que ousarem entrar no seu caminho.

Suikotsu é o primeiro a ter um real aprofundamento na trama. O assassino possui duas personalidades conflitantes, que lutam para tomar o controle de seu corpo. Uma é a de um gentil curandeiro, que odeia sangue e se sacrificaria sem pensar duas vezes em prol daqueles que ama. A segunda é um matador de elite, extremamente impiedoso e maléfico na melhor representação de O Médico e o Monstro. É interessante acompanhar sua jornada, principalmente quando seu caminho se cruza com o de Kikyou, que está em sua própria jornada em meio a todo caos.

Jakotsu é o primeiro personagem LGBT no anime. Habilidoso e sádico, o dono da espada da serpente se apaixona perfidamente por Inuyasha, criando uma obsessão pelo mesmo na mesma proporção que odeia aqueles que atrapalham seu amor. Seu único objetivo é fazer o hanyou implorar por ele enquanto trucida cada parte do corpo do amado, mas ele se mostra o mais leal entre seus companheiros, trazendo uma dinâmica interessante ao grupo. Renkotsu é o estrategista do grupo. Piromaníaco, ele não possui a mesma habilidade de luta de muitos de seus companheiros, aproveitando então de sua vantagem intelectual para criar situações que favoreçam seus ideais. Ele é o mais traiçoeiro do grupo, podendo trair a todos ao seu redor se isso o levar a seu real objetivo.

Por ultimo temos Bankotsu, o líder do grupo. Embora possua força, habilidade e resistência sobre-humanas, o guerreiro sempre procura aumentar o seu poder, pouco ligando para o reconhecimento e fama que os demais procuram. Sua personalidade é divertida e entra em conflito direto com a de Inuyasha, despertando uma procura por inovação de ambas as partes.

No grupo dos protagonistas temos uma separação de núcleos, que criam dilemas e jornadas peculiares, trazendo um enriquecimento narrativo. Essa separação se mostra ainda mais valorosa ao desenvolver cada um de seus personagens, respeitando seu tempo de tela e construindo uma narrativa coesa e fluida, que agrada ao expectador. Cada um tem seu objetivo e todos acabam levando ao mesmo lugar no fim das contas.

Com a barreira purificadora tão forte, Sango e Miroko precisam se separar de seus companheiros, em busca do real motivo da força de tal proteção. A dupla cria um laço ainda mais forte durante sua caminhada, trazendo momentos importantes para a construção de seus personagens (quando a trama não está abusando das tentativas de assedio do monge ao longo do caminho). Kouga percebe o real perigo pela qual está passando e o quão próximo ele se encontra de sua vingança, tomando para si a função de atravessar a barreira a qualquer custo para enfrentar seus inimigos… custe o que custar.

Kikyou é atraída para o monte por uma promessa, mas usa seu tempo para demonstrar um lado mais humano que se escondeu por trás de toda sua raiva e rancor. Pela primeira vez no anime conseguimos sentir empatia pela sacerdotisa e nos importar verdadeiramente com ela, além da ótima construção do relacionamento entre ela e sua encarnação, que se mostra um verdadeiro achado. Sesshomaru participa mais avidamente da temporada, trazendo novas camadas ao personagem enquanto se envolve mais homogeneamente na trama. Inuyasha e Kagome precisam pensar muito sobre o que se tem e sobre o que significam um para o outro. A proximidade entre os dois se torna mais acentuada enquanto eles encaram sentimentos que reprimiam ou evitavam olhar. Ao mesmo tempo que tal ato se mostra bonito e valoroso, é doloroso a ponto de nos incomodar, mostrando ao expectador o quão real é o laço entre ambos.

Com um dos finais mais chocantes até aqui, a quarta temporada de Inuyasha traz um novo respiro ao anime, nos empolgando e prendendo como a sua antecessora não conseguiu. Com sua construção impecável e as novidades que nos são mostradas, a temporada se mostra uma das melhores até agora, trazendo tudo o que a animação precisava e nos dando um nova empolgação para a montanha russa que nos aguarda logo a seguir.

“Mais cedo ou mais tarde eu vou acertar as contas com o Naraku… E com os Sete Espíritos também.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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