Crítica | Upgrade

Nota
4

“Pode dirigir qualquer coisa, falar com qualquer coisa, calcular qualquer coisa.
É um cérebro novo e melhor […] Pode fazer coisas que beneficiam a sociedade.”

Em um futuro distante, Grey Trace vivia feliz com sua esposa, Asha. Ela era uma bem sucedida executiva da Cobolt, ele era um simples mecânico de carros ‘antiquados’, mas tudo muda quando eles são encurralados por uma gangue, um encontro que mata Asha e deixa Grey tetraplégico. Três meses depois, o momento da vingança de Grey chega por meio de Eron Keen, um antigo cliente que é o dono da Vessel Computers, uma empresa de tecnologia que está desenvolvimento um um chip neural experimental chamado STEM, que dá a Grey a capacidade de caminhar novamente e, como ele descobre posteriormente, maestria em artes marciais, o que ele usa para se vingar dos responsáveis por paralisa-lo e matar a sua esposa.

Desgostoso do trabalho de Cortez, policial responsável pelo caso, Grey sai por conta própria numa profunda investigação, com auxilio de STEM, e começa a descobrir que a morte de Asha não foi uma simples ocasião, eles foram atacados por profissionais aprimorados, os chamados Atualizados, que possuem armas implantadas no corpo e foram pagos para matar Asha. Cheio de ação, com tons distópicos e de ficção cientifica, o longa australiano de 2018 é uma obra de arte fora da curva para seus realizadores. Upgrade é dirigido por Leigh Whannell, que tem seu currículo preenchido por trabalhos de produção e de atuação em filmes das franquias Jogos Mortais e Sobrenatural, além de ter roteirizado o recente Homem Invisível, saindo completamente da zona de conforto ao dirigir um filme de ação, mesmo que ele tenha mesclas de cyberpunk, terror corporal e suspense. A produção do longa ficou por conta da Blumhouse Productions, que é famosa por seus excelentes filmes de terror, saindo do seu padrão ao trazer um longa muito mais épico e aventuresco do que assustador.

No elenco temos, quase que o filme inteiro, um enredo baseado na interação do personagem de Logan Marshall-Green com seu chip, dublado por Simon Maiden, vamos aos poucos vendo uma relação forte surgir, vendo STEM passar por uma intensa evolução e motivando Grey a ir cada vez mais longe pela justiça, afundando cada vez mais no desejo de vingança. Ao lado deles, temos as participações, em segundo plano, de Harrison GilbertsonBetty Gabriel e Bento Hardie, cada qual com um papel que impulsiona o enredo de forma habilidosa. Gilbertson interpreta Eron, o cientista recluso que resolve ajudar Grey a ter sua vida novamente, passando a vigiar o que o homem faz com sua tecnologia e limita-lo; Gabriel vive Cortez, a policial que fica refém das limitações do sistema e acaba pedindo a ajuda de Grey para encontrar os assassinos de Asha, ela só não esperava que isso fosse transformar o homem de tal forma; no antagonismo da drama está Hardie, vivendo Fisk, o chefe da facção que atacou Grey e responsável pelo pagamento da recompensa, o único capaz de revelar quem encomendou a morte de Asha.

O longa se fortalece ainda mais por suas cenas de ação, que apesar de extremamente gráficas assumem um tom um tanto quanto divertido e instigante, e por seu espetacular visual futurístico. Fica claro o quanto a produção conseguiu tirar leite de pedra com seus efeitos bem trabalhados e suas coreografias de luta insana, algo inusitado de se ver num filme de baixo orçamento, um visual que compensa vagamente seu roteiro cheio de problemas, escrito pelo próprio Whannell, onde vemos uma visão apocalíptica da ciência incompleta e reviravoltas que não fazem tanto sentido quanto precisavam fazer, lembrando uma versão futurística do mal-sucedido Venom, substituindo o alienígena por um chip cerebral, que só nos conquista de verdade com sua sequencia final, que traz um desenrolar realmente imponente, capaz de servir como uma premissa muito mais poderosa.

“- Por que alguém prefere viver num mundo falso? Isso eu nunca vou conseguir entender.
– Um mundo falso é bem menos doloroso do que o mundo real”

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *