Crítica | DC Liga dos Superpets (DC League of Super-Pets)

Nota
4

“Cuida do nosso filhinho…”

Quando o planeta Krypton começou a se destruir, Jor-El resolveu salvar seu filho o colocando em uma nave e enviando para fora do planeta. Poucos segundos antes de a nave decolar, o cachorrinho da família, Krypto, entrou no veiculo e acompanhou o bebê Kal-El à Terra, onde eles crescem e se tornaram SupermanSupercão. A relação dos dois é forte, uma grande amizade que não é atrapalhada nem pela Liga da Justiça, até a chegada de Lois Lane na vida do herói, a mulher que Superman decide pedir em casamento e que coloca a relação com seu cão em risco. Perto dali, num abrigo de animais, Lulu, uma porquinho da índia que sobreviveu a experimentos na LexCorp, usa toda a sua vilania para fugir e se provar para Lex Luthor, é assim que ela consegue se envolver na tentativa de Lex de capturar um meteoro de Kriptonita Laranja, acaba ganhando poderes telecinéticos, além de dar outros poderes aos outros animais do abrigo.

Dirigido por Jared Stern e Sam Levine, o projeto iniciado pela Warner Bros Animation em meados de 2018 objetivava trazer para as telonas um grupo que já está há alguns anos fora dos holofotes, a Legião dos Superpets, que nada mais é do que uma equipe formada pelos animais de estimação ligados aos membros da Liga da Justiça. Mudando completamente a historia de origem dos pets, o longa seleciona apenas cinco dos membros do time original das HQs e os dá personalidades marcantes, uma humanidade palpável e uma jornada densa de amadurecimento. Fica claro desde o inicio que muito do brilho do filme se deve à entrega de Dwayne Johnson, que protagoniza o longa dublando o Supercão e ainda produz o longa, proporcionando uma grata surpresa ao final da produção. O cão, que no Brasil pega na nostalgia ao ser dublado por Marcelo Garcia (dublador de Krypto na série animada de 2005), começa extremamente dependente de seu dono, ele se agarra à missão de cuidar de Kal e se vê no papel de seu único companheiro, tanto no combate ao crime quanto no dia a dia, o filme é completamente focado em forçar o cão a aprender a ser um cachorro normal e a se permitir fazer novos amigos, se ver dependendo dos pets poderosos inexperientes e ter que assumir o papel de mentor e líder é uma grande provação que só impulsiona sua evolução.

Ao lado de Krypto, temos Ace, o cachorro com poder de invulnerabilidade; PB, a porquinha com capacidade de encolher e aumentar; Chip, o esquilo com eletrocinese; e Merton, a tartaruga com supervelocidade, quatro personalidades fortes com seus próprios problemas e que acabam resolvendo ajudar Krypto agora que toda a Liga da Justiça foi capturada por Lulu. Ace, dublado pelo incrível Duda Espinoza, mostra camadas obscuras que remontam desde o seu passado, ele adquiriu uma dureza que o coloca no papel de defensor do resto do grupo e que acaba o colocando como maior enfrentamento de Krypto dentro do grupo, aos poucos o filme revela seu passado e vamos enxergando os traumas e temores por trás da personalidade blindada do cachorro. PB, que é docemente dublada por Priscilla Alcântara, tem uma meiguice própria unida à baixa autoestima que a define, a porquinha não acredita em sua capacidade e teme errar com seus amigos, o que só torna seus poderes ainda mais incontroláveis. Chip, dublado pelo intenso Marco Luque, tem uma personalidade (perdão o trocadilho) elétrica, ele é intenso e extremamente inseguro, se entregando ao momento ao mesmo tempo que se fecha por medo de ser repreendido, de não ser apoiado ou não ser protegido por aqueles ao seu redor. Por fim temos Merton, que ganha graça na voz de Ilka Pinheiro, uma tartaruga cega que não tem controle nenhum sob seu poder e acaba cometendo muitas loucuras até enxergar a amizade que conquistou no percurso.

Muito mais focado na evolução dos pets do que na trama, DC Liga dos Superpets cativa justamente por sua despretensão, ele não quer contar uma história épica sobre como os pets salvaram o dia, mas sim contar a história de cinco animais com poderes que precisam aprender mais a fundo sobre si mesmos, entender o poder da amizade e amadurecer ao ponto de se tornarem heróis de verdade. Claro que a dublagem brasileira só melhora a experiencia, principalmente quando percebemos que os dubladores dos heróis foram escolhidos a dedo entre os dubladores que já se consagraram nos papeis, como Guilherme Briggs (que dubla o Superman de Henry Cavill) no papel do Homem de Aço, Duda Ribeiro (que dubla Batman em várias animações) como o Homem-Morcego, Flavia Saddy (dubladora da Mulher Maravilha de Gal Gadot) no papel da Princesa de Themyscira, Eduardo Borgeth (que dubla Ciborgue nas animações da DC) no papel do herói tecnológico, Francisco Júnior (dublador do Aquaman de Momoa) no papel do Rei de Atlântida e Clécio Souto (dublador do Flash em várias animações) no papel do Velocista Escarlate. A forma como o longa usa seus personagens carismáticos e homenageia à história da DC nos cinemas é o principal motivo para transformar a trama básica de mais um filme da DC em uma produção divertida, fofa, emotiva, cheia de ação e de cores e gráficos na medida certa, infelizmente o enredo se apressa em seu terceiro ato dando um desfecho genérico ao filme, tomando escolhas oportunas e insatisfatória.

“Não são os poderes que fazem de você um super-herói.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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