Crítica | The Flash

Nota
4.5

Barry Allen (Ezra Miller) seguiria sua vida normalmente como analista forense de Central City e na busca de inocentar seu pai pela morte de sua mãe, se não possuísse poderes metahumanos e uma identidade secreta. Sob o nome de Flash, ele vive sendo chamado para resolver os problemas que Batman (Ben Affleck) enfrenta em Gotham sem receber o reconhecimento que tanto deseja, trazendo sentimento de frustração e desmerecimento pelo seu esforço. Algo muda dentro dele após uma ligação com seu pai, com toda a carga emocional acumulada o homem mais rápido do mundo atinge uma velocidade tão alta que se torna capaz de voltar no tempo, percebendo o grande poder que possui, decide então salvar as duas pessoas mais importantes da sua vida: seus pais.

No entanto, na tentativa de salvar sua família, ele fica preso em uma realidade diferente da sua, com alterações no futuro e no passado do dia do evento que alterou. Agora ele precisa unir forças com os heróis daquele universo para deter o General Zod, que está disposto a aniquilar a terra na busca por um Kriptoniano refugiado (recriando os eventos de O Homem de Aço). The Flash nos apresenta a experiência completa de um flashpoint, mas visto o histórico de fracassos da DC seria este um bom filme?

Dirigido por Andy Muschietti, o longa possui enredo que bebe diretamente de um dos arcos mais megalomaníacos da DC Comics, Flashpoint, e claro que não poderia ser menos insano. O filme assume um ritmo frenético com quebras cômicas muito bem vindas, mas sem perder a sua essência dramática. O roteiro constrói a narrativa de forma rápida e coesa, deixando o espectador ansioso pelo que virá a seguir, a direção dinâmica consegue trazer fluidez para esta narrativa, a trilha sonora engrandece e aviva o que está se passando em tela, já os efeitos especiais ficam a desejar em algumas cenas, a cena de abertura demanda uma boa qualidade neste quesito e o que se recebe são efeitos ruins, mas vale destacar que em outros momentos os efeitos funcionam bem, e fica aqui a crítica ao uso exacerbado de CGI que poderiam facilmente ser substituídos por efeitos práticos em algumas cenas.

Ezra Miller entrega exatamente o que o personagem precisa. A forma como ele eleva o Barry Allen a outro patamar é incrível, desde o seu excelente timing cômico até momentos que precisam de todo o drama para poder funcionar, assim compreendemos melhor o personagem, suas motivações e trejeitos, e principalmente, suas relações com o mundo ao seu redor e as pessoas com quem interage. A conexão com os Batmans possui grande foco, as interações são diferentes em cada mundo, mas com a manutenção de um aspecto de mentoria que funciona muito bem e só valoriza com a mudança de atores. O ponto mais importante do personagem é como ele lida consigo mesmo, tendo que lidar com outra versão de si, muito similares sim, mas com graus de amadurecimento diferentes, assim o Barry que conhecemos compreende seu cerne, seus aspectos principais e assim recebendo um ponto de partida para agir.

Michael Keaton está de volta como Bruce Wayne 32 anos depois de sua estreia. Dessa vez como um homem-morcego mais velho e com o conhecimento que só uma vida de combate ao crime poderia proporcionar, ele age como o ancião ao explicar a natureza do multiverso ao Barry, mas claro, com todo o humor que consolidou o ator. Sua relação com os jovens que aparecem a sua porta é conturbada e divertida, mas há momentos em que a sobriedade do personagem precisa estar presente, e os anos que se passaram mostraram sua face em sua atuação. Claro que não poderiam faltar piadas envolvendo seu “elmo” do traje, que não possui funcionalidade alguma e trazendo referências clássicas como o mais icônico dos Batmoveis e seu Batwing.

Sasha Calle introduz a nova Supergirl ao DCU, mas infelizmente a personagem não possui o desenvolvimento necessário durante a trama. Suas motivações são rasas e demandavam mais explicação, questionando o espectador da necessidade da presença dela no longa. A atuação é mediana, mas não chega a ser desconfortável de assistir, Kara merecia um pouco mais de tempo para se desenvolver e assim todos os seus aspectos ficarem mais claros, neste longa apenas a mulher durona e com cara de poucos amigos aparece, não mostrando o brilho que a personagem possui em outras mídias.

The Flash é um bom filme, mas seu timing não foi dos melhores pois possui um ar diferente dos demais filmes do DCEU. Buscando não se levar tanto a sério, o longa proporciona momentos grandiosos e divertidos, mas possui aquele ar de melancolia, ou de despedida, que não orna bem com sua proposta. Possui defeitos sim, mas em nenhum momento o espectador sente que a trama fica chata, além de estar repleto de referências que qualquer pessoa que conheça bem outras obras da Liga reconhecem. Por estar no ponto final de um arco cinematográfico que “deixará de existir” fica o questionamento do futuro da empresa, abrindo grandes precedentes para alterações no universo cinematográfico da DC.

 

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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