Crítica | Sem Ar (The Dive)

Nota
3

“Ficar nervosa é bom. O entusiasmo é algo bom.”

Drew May duas irmãs que anualmente viagem para mergulhar em algum lugar remoto, estão em mais uma viagem juntas, mas o que deveria ser apenas um mergulho entre irmãs em uma praia deserta se transforma em uma experiência desesperadora quando, após um deslizamento, May fica com sua perna presa embaixo de uma rocha enorme, presa em baixo d’água e precisando contar com os esforços de Drew para conseguir ajuda para se soltar e novos tanques de oxígenio para sobreviver. Fica claro o tempo todo o quanto a relação das duas parece abalada por problemas no passado, e quando o passeio divertido se transforma em um pesadelo, May precisa enfrentar seus fantasmas enquanto luta para suportar um nível perigosamente baixo de oxigênio e temperaturas congelantes, se tornando dependendete de Drew, que não conhece muito dos equipamentos, entra em total desespero quando encontra cada vez mais obstaculos em sua frente e precisa lutar contra o tempo se quiser que sua irmã sobreviva.

Dirigido por Maximilian Erlenwein, o novo suspense da Paris Filmes é uma versão hollywoodiana de Além das Profundezas (2020), thriller sueco que foi muito bem recebido na época de seu lançamento e chegou a ganhar dois prêmios Guldbagge. Mas enquanto o filme de Joachim Hedén apresenta um dinamismo, levando uma de suas protagonistas ao extremo e a confrontando com as dores do passado, a versão de Erlenwein parece querer resumir a história tirando alguns elementos que podem ser essenciais para a compreensão de partes essencias do desenvolvimento do roteiro, deixando certas lacunas na trama que cobram caro para o filme. Com uma fotográfia maravilhosa, seja nas cenas em terra firme ou nas cenas submersas, o longa inicia num ritmo mais lento e consegue dosar seus apices, criando uma tensão que conecta o expectador com a personagem, permitindo ao público torcer, criar expectativa, se envolver e querer entender cada vez mais o que está sendo mostrado em tela. O suspense alemão consegue criar um rápido background em Drew e May que deixa no ar a ideia de problemas familiares mal resolvidos, talvez por isso a história das irmãs se torne tão intensa, mas é duvidosa a escolha do longa de alternar entre cenas de suspense e tensão para criar exposições dramáticas e emocionais por meio das alucinações que May começa a ter.

Louisa Krause, que interpreta May, pode até ser o centro narrativo da produção, mas sua trama é a mais prejudicada quando consideramos as mudanças no roteiro feitas para o remake, é como se maior parte do seu background tivesse sido cortado e isso dificulta a compreensão de certas cenas que ela vive, deixando o público a mercer de imaginar as motivações por trás de certos atos, atitudes e palavras. Por outro lado cabe a Sophie Lowe a missão de carregar o avanço narrativo do longa, sua Drew é quem fica responsavel por ficar subindo e descendo na água, é atraves dela que a tensão do longa é guiada, seja quando temos o problema do oxigênio reserva, do tanque que cai ou tantos outros que surgem e nos faz ficar curiosos para entender como ela pode resolver aqule impasse, ela é a irmã caçula e parece estar sempre lutando para entender sua irmã mais velha, para faze-la se sentir em casa e viver verdadeiramente a experiencia anual que experimentam. Apesar de as duas atrizes se mostrarem hábeis com seus papeis, existe um peso que atrapalha o filme da forma de seus furos e inconscistencias. É fácil perceber que há cenas que tornam suas personagens onipresentes, criando soluções que precisariam de uma comunicação mais direta para acontecer, chegando até a levar as irmãs a reações que não poderiam acontecer sem uma comunicação prévia.

Sem Ar é um daqueles filmes angustiantes que coloca seus personagens numa situação sem saída, mas é só isso, ele não inova e nem consegue ir além de causar uma sensação de ansiedade no espectador. O filme não é um terror, seguindo muito mais como um leve suspense mas que se perde bastante ao apostar em colocar uma carga dramática na história. Ele explora bastante a parte visual, a perseverança e o amor fraternal, mas poderia facilmente ter apostado numa intensidade maior se tivesse feito certas escolhas na hora de alterar o roteiro sueco ou ter alterado menos para trazer mais contexto para certas cenas. O longa é bom para explorar o suspense sem ter que esperar nada muito assustador, mas todos sabem que existe momentos que a tensão tá reinando e colocar uma trilha mais lenta para explorar sentimentos e metáforas quebra completamente a conexão do filme com o espectador. Apesar de explorar muito o medo, dá pra citar que a cena da tensão na caverna de despressurização se torna, com toda certeza, o momento mais intenso do longa, mesmo que seja uma cena curta e isolada no roteiro.

“Eu pertenço a esse lugar”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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