Crítica | Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes)

Nota
5

Dez anos após a conquista da liberdade, César (Andy Serkis) e os demais macacos vivem em paz na floresta próxima a San Francisco. Lá eles desenvolveram uma comunidade própria, baseada no apoio mútuo, enquanto os humanos enfrentam uma das maiores epidemias de todos os tempos, causada por um vírus criado em laboratório. Sem energia elétrica, um grupo de sobreviventes planeja invadir a floresta e reativar a usina lá instalada. Malcolm (Jason Clarke), único que conhece bem os símios, tenta agir pacificamente e impedir que o confronto aconteça.

Dessa vez a brincadeira começou a ficar ainda mais interessante com a franquia Planeta dos Macacos, com Matt Reeves assumindo a direção e entregando uma visão única, parece até que usaram uma curadoria na hora de trazer um novo diretor. This Is Cinema!, falam, e não é que há muita verdade nisso? Seria possível aprimorar algo muito bom? Com O Confronto, uma obra que ja era excelente sobe de patamar. A fotografia impacta imediatamente, é nítido também que é uma produção bem cara pois, desde o design de produção à direção de arte, o cuidado é evidenciado em tela, como uma aquarela que o pintor faz a seu bel prazer. Matt Reeves colocou tudo no pacote, aliado a um excelente roteiro e um personagem extremamente carismático, Cesar, em mais um show de atuação de Andy Serkis, que por puro preconceito não recebeu a indicação ao Oscar com sua captura de movimento e trabalho de voz, que até hoje a academia teima em negar que são atores dando vida a personagens icônicos.

No início do filme nos é mostrado que aquele grupo de macacos liderados por Cesar cresceu, e a forma como levam a vida praticamente formando uma tribo de símios. Após anos isolados, sem contato com humanos, os macacos acabam cruzando com um pequeno grupo de sobreviventes de San Francisco na floresta, o que resulta em um ferimento em Ash, um jovem chimpanzé que é o melhor amigo do filho de Cesar, Olhos Azuis. É nesse ponto que temos nosso primeiro contato com Malcom, que faz parte da colônia de humanos liderada por Dreyfus (Gary Oldman), e começamos a ver como o encontro começa a gerar problema na aldeia dos símios, com Koba acreditando que os macacos precisam atacar os humanos para eliminar todos eles e Cesar possuindo uma visão diferente. Quando César parte para a cidade, para avisar que deseja paz e não guerra e proibir os humanos de entrar na floresta, Malcom vê como a oportunidade de fazer uma tregua para acessar um gerador hidrelétrico em uma barragem dentro do território símio, o que poderia fornecer energia para a cidade, e Koba toma conhecimento do armamento dos seres humanos, usando isso para confrontar as escolhas de César.

É possivel notar os paralelos que o roteiro faz com o anterior, protagonizado por James Franco, e entender os elos emocionais que Cesar possui tanto com humanos quanto com os macacos, seu povo. No decorrer do filme, a aproximação entre os humanos e macacos vai sendo construida de uma forma simplesmente linda, o texto é afinado e o desenvolvimento é coerente com a narrativa, fazendo o telespectador ficar 100% imerso em tudo. Planeta dos Macacos: O Confronto é uma historia que possui coração, e não apenas palavras vazias, muito do filme é transmitido por legendas, ainda que vários macacos falem. A produção fala muito sobre política, guerra e sociedade, e o quanto, no fundo, macacos e humanos são tão parecidos e tão pecadores, transitand por traições e ambições que levam a nada, usando os personagens andando pelos locais para fazer o espectador literalmente sentir o filme, o clímax da chegada do ato final e a guerra se aproximando, a disputa por poder, a sobrevivência, a busca por liberdade, a relação pai e filho, e tudo que torna o vilão deste filme formidável.

“Macaco Não Mata Macaco”

 

Jornalista, torcedor do Santa Cruz e do Milan, Marvete, ouvinte de um bom Rock, uma boa leitura acalma este ser pacífico.

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