Crítica | Longlegs – Vínculo Mortal (Longlegs)

Nota
4

“Ele vai matar. De novo.”

A agente do FBI Lee Harker é chamada para trabalhar em um caso complexo de um serial killer que atua em uma cidade tranquila. Dez familias morreram, sempre com o pai matando todos os membros e depois se matando, um simples caso de homicidio e suicidio se não fosse um elemento: todas as cenas do crime contavam com uma carta codificada, que a policia nunca conseguiu traduzir, assinada por LONGLEGS. A medida que Lee se envolve cada vez mais no caso, ela vai descobrindo indícios perturbadores de práticas ocultas ligadas aos crimes, se embrenhando por um caminho perigoso que a leva à descoberta de uma conexão pessoal inesperada com o assassino. Agora a agente precisa entrar numa corrida contra o tempo para solucionar o caso ao mesmo tempo que precisa equilibrar seu dever profissional com os segredos sombrios que emergem, transformando seus dias numa intensa batalha entre a razão e o desconhecido.

Com direção de Oz PerkinsLonglegs começa trabalhando a trama de uma forma nada revolucionária, apresentando elementos relevantes, nos aproximando da protagonista, a agente Lee Harker, e logo coloca essa protagonista para investigar os assassinatos cometidos pelo serial killer, uma investigação pautada principalmente no seu faro investigativo e na busca por traduzir as mensagens criptografadas deixadas nos locais de crime. Mas se a trama começa numa pegada que lembra bastante O Silêncio dos Inocentes (1991), Se7en – Os Sete Crimes Capitais (1995) e Zodíaco (2007), a trama avança deixando claro que não se deseja reprisar os feitos dessas obras, mas sim pegar emprestada suas bases para trabalhar no terreno mais fertil para se desenvolver uma narrativa amedrontadora, o subconsciente. O longa trabalha sem deixar muito claro como funciona os crimes, o assassino pode aparecer em certos momentos, mas o filme brinca ao deixar no ar a dúvida se ele realmente é o assassino, e isso só se potencializa pela atmosfera perturbadora que circunda cada uma das aparições do Longlegs.

Nicolas Cage, que é antagonista e produtor do filme, consegue entregar um trabalho primoroso. Todos conhecem Cage pela forma exagerada que ele entrega seus personagens, e nesse filme não foi diferente, mas dessa vez esse exagero é usado como principal caracteristica do personagem, como se esse exagero fosse um parte importante na alma do antagonista, que é uma personalidade excentrica, expressiva e extremamente imprevisivel, e essa grande atmosfera faz com que cada aparição de Longlegs coloque o espectador tenso. Cage rouba a cena com sua construção pavorosa, que nos coloca em situações aflitivas e incomodas, que pouco a pouco vai nos levando para mais fundo na escuridão que o filme apresenta. Essa escuridão entregue por Longlegs transborda o enredo de uma forma que, mesmo fora de cena, a obscuridade do serial killer se mantém no ar, o que transforma o cenário ao redor da atuação de Maika Monroe, que nos entrega uma agente Lee surpreendente, sabemos desde a primeira cena que tem alguma informação faltando para tudo se encaixar, ficamos sempre com um pé atras em relação ao que a agente pode revelar, mas ao mesmo tempo nos colocamos ao lado dela na corrida investigativa. Mas se os primeiros atos são baseados nessa dinâmica de mistério e escuridão, quando temos o momento que justifica o subtitulo brasileiro “Vínculo Mortal”, a trama muda completamente, expondo as peças que faltavam para o quebra-cabeças funcionar, e levando o longa para um outro caminho interessante.

Agoniante sem reiventar a roda, Longlegs – Vínculo Mortal talvez se prejudique pelo excesso de segredos que possui, deixando para o desfecho uma série de explicações que podem soar forçadas. Várias perguntas são deixadas no ar no decorrer da trama, algumas pistas surgem no decorrer da construção do roteiro, mas tudo isso acaba ficando f0rçado quando, no desfecho, o longa começa a explicar tudo que ficou sem resposta, começa a amarrar as pontas soltas usando esses elementos (muitos deles que foram deixados pelo caminho sem a devida atenção), mas fica uma sensação de conveniencia. Apesar desse sentimento um pouco amargo no final, o longa não deixa de ter um viés de originalidade, justificano o fato de não ser mais um titulo no meio da multidão e merecendo a atenção dos espectadores, o longa brinca com a inteligencia do espectador ao esconder informações essenciais para prever o avanço da trama, mas ao mesmo tempo não subestima esse espectador quando começa a desvelar esses elementos e dispensa explicações didaticas para levar esse público a entender os segredos deixados pelo caminho, infelizmente o ritmo do filme, um tanto lento, prejudica a experiência que somos submetidos quando as verdades começam a vir a tona, mas nada que estrague a experiência.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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