Nota
“Para Beatrice –
Quando nos conhecemos, minha vida começou.
Logo depois, a sua terminou.”
Violet, Klaus e Sunny Baudelaire estão ansiosos demais para estarem nervosos. Palavra que aqui significa “atormentados por um suspense perturbador”. O suspense a que me refiro é que, após a tenebrosa passagem dos órfãos pela tumular Escola Preparatória Prufrock, seus amigos Duncan e Isadora Quagmire foram sequestrados pelas garras cruéis do seu primeiro tutor, o abominável Conde Olaf. Os Baudelaire só conseguem pensar nas terríveis aflições que os Trigêmeos estejam passando naquele exato momento enquanto eles são encaminhados a um novo tutor pelo ineficaz Sr. Poe.
Parados em frente a um enorme edifício 667 na Avenida Sombria, um bairro sofisticado a poucos quarteirões da antiga mansão Baudelaire (sua primeira casa que foi dizimada por um incêndio, assim como seus sonhos e esperanças.), os Órfãos se perguntam que sombrias aventuras os esperam e como conseguiram ajuda para resgatar seus amigos. La, eles conhecem Jerome e Esmé Gigi Geniveve Squalor (a sexta consultora financeira mais importante da cidade) que resolveram adotar os Órfãos por eles estarem in, mas estavam out antes por isso estavam fora de questão.
Enquanto tentam se adaptar ao que está ou não na moda e entender os estranho a costumes do casal Squalor, os Órfãos Baudelaire tem mais um problema para se preocupar. Gunther (ou melhor, outro disfarce do infame Conde Olaf) aparece na cobertura gigantesca dos Squalor para ajudar Esmé a preparar um leilão in em prol a ela mesma. Enquanto se perguntam que traição nefasta Olaf preparou dessa vez, os Baudelaire conseguem enxergar uma luz no fim do túnel. Se o Conde Olaf esta na Avenida Sombria isso significa que seus amigos também estão por perto. Mas será que os Órfãos conseguiram impedir os planos do Conde Olaf, salvar seus amigos e finalmente descobri o que diabos significa C.S.C.? Uma corrida contra o tempo se inicia e o futuro pode ser devastador.
Peço encarecidamente que se você chegou a esse ponto da resenha pare por aqui. Não se deixe empolgar ou que isso desperte a sua curiosidade, pois nada de bom pode sair disso. Se o leitor tiver que escolher entre as desafortunadas aventuras dos irmãos Baudelaire ou um grosso dicionário, peço que escolha o dicionário. Será mais alegre e divertido do que o sofrimento dessas crianças. Mas se vocês decidirem continuar a série, lembre-se que esse pobre resenhista tentou avisa-los.
Lemony Snicket sempre possuiu um humor negro e depressivo, nos conduzindo em meio a desfortúnio e sofrimento com uma maestria exemplar, mas, nesse livro, suas qualidades parecem ter sido afloradas a um patamar superior. O Elevador Ersatz é um dos melhores livros da saga. O autor pega os aspectos já conhecidos e acrescenta novos elementos frescos e revigorantes, trazendo um novo frescor a uma trama que já estava se tornando repetitiva e cansativa.
Outro grande acerto é o crescimento e amadurecimento do nosso trio protagonista, eles pararam de ser dependentes dos adultos ineficazes e começam a tomar as rédeas do seu destino nas mãos. Motivados pelo sequestro dos amigos, os Órfãos Baudelaire planejam é executam planos enquanto tentam descobrir o esconderijo de Olaf, é gratificante acompanhar a maneira com a qual eles lidam com a situação, entrando no jogo do Conde e prontos para virar a mesa quando for preciso.
Jerome é bem intencionado mas passivo a situação. Ele sempre procura agradar as vontades insanas da esposa e tem dificuldade em agir como um verdadeiro tutor. Não me entenda mal, ele tem boas intenções, mas isso nunca foi o bastante para salvar os Baudelaire de suas Desventuras. Esmé é fútil e uma verdadeira dondoca. Sua preocupação com o que está in ou out faz uma crítica cômica a sociedade que sobrevive de aparência e status, sem se preocupar o mínimo com o que é realmente importante. Seus jeito exagerado e sua busca em ficar por dentro de tudo quer for gratificante para seu ego enorme, assim como suas conversas fúteis e repletas de um sentido vazio, constroem varias personalidades que conhecemos no mundo real.
As referências literárias são sublimes, seja ao brilhante Júlio Verne ao citar um museu, ou a poetisa Anna Akhmatova ao construir um livraria. Ate mesmo fazer uma brincadeira com nome ao denominar o Restaurante Salmonela, utilizando uma bactéria, mostrando a genialidade de Snicket. Mas, a maior referencia de todas esta nos personagens Jerome e Esmé, homenageando o escritor americano Jerome David Salinger e sua famosa obra “For Esmé – with love and Squalor”.
A edição da Seguinte conseguiu manter o brilhante jogo de palavras no titulo do livro, o que por si só já é louvável, mantendo parte do encanto da língua original e sabendo brincar bem com isso. Sua produção gráfica e o cuidado com a edição são primorosos e encantam o leitor.
Repleto de um complexidade impar, revelações chocantes e um brilhante senso de moda O Elevador Ersartz se firma como um dos melhores livros da saga. Direcionando o leitor para um novo caminho e mostrando os mistérios que nos cercaram esse tempo todo, além de dar um novo folego a série e nos fazer indagar o que é realmente in e out nesse mundo devastador.
“ Não importava por quantas desventuras tivessem passado, e não importava quantas coisas ersatz ainda fossem encontrar no futuro, os órfãos Baudelaire sabiam que podiam contar uns com os outros pelo resto de suas vidas, e isto, pelo menos, dava a sensação de ser a única coisa no mundo que era verdade.”
| Ficha Técnica |
Livro 6 – Desventuras em Série Nome: O Elevador Ersatz Autor: Daniel Handler / Lemony Snicket Editora: Seguinte |
Skoob |
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...
